Mercado da Time Out no Porto ainda não tem projecto definitivo

Conceito inaugurado em Lisboa vai ser replicado na Estação de S. Bento, no Porto, para onde estão previstos outros projectos, como um hostel/residência de estudantes.

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As obras do mercado podem estar concluídas no segundo semestre de 2017 Diogo Baptista/Arquivo

A abertura de um mercado da Time Out na Estação de S. Bento, no Porto, anunciado no dia dos cem anos da estrutura, a 5 de Outubro, ainda carece do parecer da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) e do licenciamento do projecto por parte da Câmara do Porto. Uma e outra entidade dizem desconhecer, formalmente, o projecto apresentado para uma das zonas laterais do edifício que é monumento nacional, e que incluem também um hostel cuja construção já estão a decorrer.

A Infraestruturas de Portugal (dona do espaço) quis aproveitar o centenário da estação desenhada pelo arquitecto José Marques da Silva para concretizar o que inclui o já anunciado “plano de valorização e dinamização” da icónica estação, distinguida como uma das mais belas do mundo. Mas, quando questionadas sobre as várias intervenções previstas, tanto a Câmara do Porto como a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) – que deveria receber o processo, enviando-o posteriormente para a DGPC – garantiram desconhecê-las.

Contactada pelo PÚBLICO, fonte da IP salvaguarda que “compete ao promotor pedir os pareceres e licenciamentos”, mas garante que o hostel/residência de estudantes, com capacidade total de cem camas e entrada pela Rua da Madeira, já tem o parecer favorável da DGPC. A abertura está prevista “para o final deste ano”, diz.

Ao PÚBLICO, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, diz “não ter qualquer conhecimento” dos projectos anunciados na cerimónia de quarta-feira e que contou com a presença do ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques. “Os serviços não têm qualquer pedido de licenciamento e tive o cuidado de verificar com a Sociedade de Reabilitação Urbana, com a Direcção Regional de Cultura do Norte e com a Direcção-Geral do Património Cultural e todas me dizem que não sabem de nada”, disse.

Durante a tarde de quinta-feira, o município já emitira um comunicado, afirmando que “não se encontra a decorrer qualquer processo de licenciamento para o local nos serviços camarários”. Também a DRCN, em resposta enviada ao PÚBLICO, esclarece que “não deu entrada nesta entidade qualquer pedido de licenciamento relacionado com uma possível intervenção na Estação de S. Bento”.

Em relação ao Market Time Out, João Cepeda – responsável pelo desenvolvimento deste projecto no Porto e nas outras cidades para onde a publicação pretende expandir o conceito inaugurado no Mercado da Ribeira, em Lisboa –, confirma que, apesar de a abertura estar a ser apontada para o segundo semestre de 2017, os projectos ainda não estão prontos. O conceito em cima da mesa é que o futuro mercado ocupe 2200 metros quadrados, na zona lateral da estação, voltada para a Rua do Loureiro, e com uma oferta de 500 lugares, 15 restaurantes, quatro bares, quatro lojas, uma cafetaria e uma galeria de arte. Mas até estes números podem variar, avisa.

“Estivemos a negociar a ocupação do espaço e a partir de agora é que vamos redefinir com todos os especialistas como se pode converter aquele espaço em detalhe, para depois submeter o projecto à DGPC. Sabemos que é um processo complicado, mas que preocupa mais quem tem ambições grandiosas. Nós temos intenções muito modestas”, disse João Cepeda.

O responsável garante que não será necessário avançar com qualquer demolição, mas que a Time Out quer construir uma nova estrutura anexa ao edifício. “Não haverá demolições, já houve muita demolição pelas ocupações anteriores. Vamos tirar tudo o que está podre e reabilitar o espaço, cumprindo o que lá está. Basicamente, queremos reabilitar e criar um edifício ao lado, uma estrutura que sirva de elemento aposto ao que existe. Essa estrutura ainda não está definida, mas será ligeira e não irá afectar o edifício. Algo que cumpra o programa, mas que se perceba que, de um momento para o outro, se pega nela e se retira sem deixar vestígios”, explica o mesmo responsável.

Quanto à ocupação, João Cepeda diz ter “dezenas de candidaturas” e acreditar que não irá replicar qualquer uma das ofertas que a Time Out tem em Lisboa, apesar de “o conceito ser o mesmo”.

O programa de valorização da IP para a Estação de S. Bento inclui ainda a renovação da área das bilheteiras e a abertura de um café Starbucks. Um outro café da marca Jeronymo já abriu entretanto no local.

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