BE rejeita entrega do Convento de Arouca à gestão por privados

A entrega do monumento preocupa os bloquistas por envolver um espaço "que inclui um Museu de Arte Sacra" e que pode ser utilizado para eventos públicos.

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BE receia que o público deixe de ter acesso aos monumentos Paulo Ricca

O BE opôs-se nesta terça-feira a que o Governo entregue o Mosteiro de Arouca à gestão privada, defendendo que esse monumento pode ser economicamente valorizado com eventos que não prejudiquem o acesso público ao edifício nem a sua arquitectura.

O partido já questionou os ministérios da Economia e da Cultura quanto aos 30 imóveis abrangidos pelo novo programa Revive, mas a situação daquele que é o único afectado pela medida no distrito de Aveiro preocupa os bloquistas por envolver um espaço "que inclui um Museu de Arte Sacra, vem acolhendo muitos eventos públicos e ainda tem margem para crescer mais em termos de actividade pública".

"O Mosteiro de Arouca pode e deve ser utilizado para uma maior dinamização da actividade económica e cultural da vila, e isso significa que não deve ser entregue a privados, porque, a avaliar pela experiência que temos tido em Portugal a esse nível, a maior parte das concessões nesse formato deu sempre mau resultado", explicou Moisés Ferreira, deputado do BE pelo círculo de Aveiro.

Entre as consequências negativas identificadas em exemplos anteriores, o parlamentar destaca duas e a primeira é que "o público deixou de ter acesso aos monumentos, a não ser que tenha muito dinheiro para pagar uma estadia nos edifícios concessionados ou seja convidado de uma recepção de luxo a decorrer no local".

O outro efeito negativo é que "muitas vezes os privados reabilitaram os monumentos sem respeitar o seu carácter histórico, o que atenta contra a traça e o próprio espírito desses imóveis".

Moisés Ferreira não rejeita a possibilidade de o Mosteiro de Arouca vir a acolher uma unidade hoteleira, até porque a vila "tem necessidade" de reforçar a sua oferta de camas, mas alerta que, a estudar-se essa hipótese, ela terá que assegurar "que não se desvirtua o edifício e que ele se mantém aberto à comunidade e sob gestão pública".

Esta posição segue-se à que foi tomada pelo PCP, que rejeita que o Forte de Peniche, onde Álvaro Cunhal, entre muitos outros, esteve preso, seja transformado em unidade hoteleira. O partido afirma que esta intenção não respeita a memória da luta antifascista.

Enquanto projecto conjunto dos ministérios da Economia, da Cultura e das Finanças, o Revive foi apresentado no dia 28 de Setembro em Coimbra e abre 30 edifícios do património histórico português ao investimento privado, para desenvolvimento de projectos turísticos por entidades nacionais ou estrangeiras.

Numa primeira fase, deverão ser concessionados até ao final do ano os seguintes edifícios: Mosteiro de Arouca, Convento de São Paulo (Elvas), Castelo de Vila Nova de Cerveira, Fortaleza de Peniche, Mosteiro de S. Salvador de Travanca (Amarante), Mosteiro de Santa Clara-a-Nova (Coimbra), Pavilhão do Parque (Caldas da Rainha), Paço Real de Caxias (Oeiras), Forte do Guincho (Cascais), Castelo de Portalegre, Forte de S. Roque da Meia Praia (Lagos) e Quinta do Paço de Valverde (Évora).