Índia reivindica "ataque cirúrgico" contra território paquistanês em Caxemira
Nova Deli diz que alvo foram grupos separaristas que estariam a preparar incursão. Islamabad nega ofensiva, mas responsabiliza país vizinho por troca de tiros na fronteira.
A Índia anunciou ter lançado “ataques cirúrgicos” através da linha de demarcação que divide Caxemira, região nos Himalaias que disputa com o vizinho Paquistão, alegando que visou combatentes separatistas que estariam a preparar nova incursão no seu território. O Exército paquistanês desmente tal ofensiva, mas acusa o Exército indiano de ter matado dois dos seus durante uma longa troca de tiros através da fronteira.
Este é já o incidente mais grave de meses de tensão crescente entre as duas potências nucleares – que travaram três guerras desde a independência do Império britânico, em 1947, duas das quais originadas precisamente pela sua disputa em Caxemira. A suposta incursão e os disparos transfronteiriços deixam também perigosamente em risco o acordo de cessar-fogo de 2003 em Caxemira.
A acção indiana ocorre dez dias depois de 18 soldados terem morrido num ataque contra um quartel em Caxemira, reivindicado pelo Jaish-e-Mohammed, um grupo separatista muçulmano que tem as suas bases em território paquistanês e que Nova Deli afirma ser apoiado por Islamabad.
“O Exército indiano lançou ataques cirúrgicos a noite passada contra bases terroristas” instaladas do outro lado da Linha de Controlo, anunciou nesta quarta-feira o general Ranbir Singh, assegurando que a incursão – não se sabe se terrestre, se aérea – foi lançada com base em “informações muito específicas e credíveis que algumas unidades terroristas estavam a posicionar-se para infiltrar” o território de Caxemira controlado por Nova Deli. Os ataques provocaram “baixas significativas entre os rebeldes”, acrescentou.
A informação foi imediatamente desmentida pelo Paquistão, que classificou de “ilusão” a notícia de incursão. O que houve sim, garante Islamabad, foi uma troca de tiros através da fronteira, desencadeada pela Índia e que provocaram a morte de dois soldados estacionados na zona. “As tropas indianas responderam aos disparos” que se prolongaram entre as 2h30 e as 8h desta quinta-feira.