Há um novo tipo de consultório sexual vocacionado para os mais jovens: o princípio é o mesmo das cartas enviadas para revistas ou das chamadas tardias para programas de rádio ou televisão, mas através de um outro meio. Ao adicionar um número de telemóvel à lista de contactos da aplicação de troca de mensagens online WhatsApp passa a ser possível falar com uma sexóloga, disponível para tirar dúvidas.
Diariamente, entre as 18h e as 20, Vânia Beliz dedica-se a ler e responder às questões colocadas via mensagem para o número 934 059 910. “Não quisemos interferir com o horário escolar nem promover o uso do telemóvel durante as aulas”, justifica a também psicóloga ao P3. “Control Talk” é uma parceria entre a marca de preservativos e lubrificantes e Vânia Beliz, profissional com experiência em comunicar com jovens em ambiente escolar.
Pré-adolescentes, adolescentes e jovens adultos são o público-alvo do projecto, a funcionar desde o início do ano lectivo. Nestas primeiras semanas, os utilizadores têm sido mais do sexo masculino, sobretudo com 20 e poucos anos. Questões relacionadas com “o desempenho, a primeira vez e a dificuldade em prolongar o acto sexual” são as mais comuns.
“As raparigas mais novas colocam muitas questões sobre como prevenir a gravidez, a toma da pílula e doenças sexualmente transmissíveis, enquanto que as mais velhas se focam na relação sexual em si e na dificuldade em atingir o orgasmo”, refere a sexóloga. Já os rapazes, enumera, têm mais dúvidas sobre “performance”. “Querem dar mais prazer e sentem-se ansiosos, têm medo de falhar.”
Quando a situação ultrapassa as competências de Vânia, os utilizadores são encaminhados para o médico de família ou o centro de saúde. “Este também é um dos grandes objectivos desta linha, além de esclarecer sobre práticas seguras (…) Muitas vezes, os miúdos e as pessoas mais velhas não sabem que é possível recorrer ao Serviço Nacional de Saúde de forma gratuita e que lá podem tirar dúvidas em relação a uma contracepção mais indicada.”
Apesar de vocacionado para um público mais jovem, Vânia Beliz garante que a idade não será um elemento discriminatório na hora dos esclarecimentos. O mais importante, diz, é que as perguntas sejam colocadas “de forma objectiva”. O anonimato, acrescenta, está assegurado, mas a sexóloga admite perguntar a idade caso seja indispensável para prestar um melhor aconselhamento.
O “Control Talk” não tem, para já, data de fim anunciada.
