Uma cerejeira é a "primeira pedra" do campus da Nova SBE em Carcavelos

Terreno ainda está em batalha legal nos tribunais, mas os primeiros trabalhos de construção arrancaram, já com atraso, esta terça-feira.

O Presidente da República foi quem mais "deitou mãos à obra"
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O Presidente da República foi quem mais "deitou mãos à obra" Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO
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O Presidente da República foi quem mais "deitou mãos à obra" Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO
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O Presidente da República foi quem mais "deitou mãos à obra" Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO

Deveria ter começado no primeiro trimestre de 2015, mas só esta terça-feira arrancaram as obras para o novo campus da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE), junto à praia de Carcavelos e ao forte de S. Julião da Barra. O objectivo é que o projecto esteja concluído em Março de 2018 e portanto pronto a receber 3500 alunos no início do ano lectivo 2018/2019. Até lá, ainda é necessário angariar mais 15 milhões de euros, que completem os 50 milhões que custará concretizar o projecto. O início das obras foi assinalado por uma cerimónia que contou com a presença — e força de braços — do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que ajudou a plantar uma das 440 árvores do novo campus universitário.

Com a ajuda do presidente de Câmara de Cascais e do reitor da Universidade Nova de Lisboa, o presidente plantou uma cerejeira à falta de pedras para erguer. Logo a seguir ao final da cerimónia, os trabalhos da grua já preparada no terreno começaram. O sol estava forte e os elogios aos 90 mil metros quadrados à beira-mar plantados repetiam-se entre os presentes. Há um apelo implícito a que “venham pelo sol, fiquem pela qualidade de ensino” na intenção da Universidade Nova de Lisboa de promover um estilo de vida “californiano” no campus que será tudo menos um simples edifício universitário, uma vez que, no projecto, apenas 32% do terreno será ocupado por edifícios. O resto corresponderá a espaços com acesso directo à praia, um ginásio, um pomar, uma praça, espaços para a realização de eventos e até um bosque.

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O terreno de cerca de 90 mil metros quadrados foi estrategicamente escolhido pela sua proximidade ao mar DR

No entanto, a cerimónia foi marcada por alguma polémica, uma vez que os antigos proprietários do terreno discordam e reclamam sobre o valor pago pela Câmara Municipal de Cascais, que dizem ser demasiado baixo para o tamanho e localização do espaço. Carlos Carreiras, presidente da autarquia de Cascais, defendeu que “o terreno tinha um valor patrimonial fiscal muitíssimo baixo” e que a autarquia “não podia dar outro valor que não esse”. “Tentámos uma negociação com os ex-proprietários e ela não foi possível”, insistiu, acrescentando que a câmara “não se subordina a interesses económicos”. Carlos Carreiras asseverou ainda que agiu “dentro da lei” e que foi dada à Câmara a posse do terreno e por isso aguarda, “como procedimento natural, a decisão do Tribunal Arbitral” sobre o montante que terá de pagar aos antigos proprietários, acreditando que o valor será “muito mais baixo” do que os cerca de oito milhões fixados pela Justiça e contestados pela autarquia. Ainda assim, Carlos Carreiras diz que a autarquia trabalhou para ter condições financeiras para pagar o limite máximo de oito milhões de euros, caso se confirme este valor.

Carlos Carreiras explicou ainda que o terreno continua a pertencer à autarquia, mas que foi feita uma “cedência em direito de superfície”, e com “contrapartida de bolsas universitárias” para os alunos do município.

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Obras deverão estar concluídas em Março de 2018 DR

Durante a sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa apelou ao investimento e aposta na formação de um país jovem, quer através de novas empresas, quer através de projectos de pesquisa e investigação, que o campus, acredita, ajudará a atrair. “Este país merece a revolução silenciosa iniciada num passado recente. Não nos podemos resignar à ideia de um país envelhecido”, sublinhou o chefe de Estado. O caminho deve, por isso, passar pela aposta “num país jovem, num país de futuro”.

Marcelo lembrou que este foi um projecto iniciado pelo antigo Governo PSD/CDS-PP, e defendeu a importância de manter as políticas vigentes “quando a durabilidade e a previsibilidade são fundamentais para todos os intervenientes do sistema”, reforçando que isso se aplicava não só ao exemplo deste processo, “mas em geral ao país”. O Presidente da República abordou ainda a “revolução silenciosa presente nas startup, nas micro-empresas, e em muitas pequenas e médias empresas ligadas a universidades, a centros de investigação”, que ajudam Portugal a “mover-se” e transformar-se num país “mais virado para o futuro”, repetindo que tal só acontece “se não houver alterações de orientação política sensível quando os titulares dos órgãos do poder político mudam”.

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Universidade pretende ser um pólo de atracção de alunos internacionais DR

Alexandre Soares dos Santos, um dos empresários e parceiros instituidores, e que verá o seu nome (e da sua mulher) atribuído à biblioteca, lembrou que o seu investimento, um investimento privado, é sinónimo de “confiança no projecto”. Entre os elogios aos “campus que vai formar Portugal”, o empresário pediu mais presença dos reitores nas discussões dos problemas do ensino superior, sublinhando a sua responsabilidade de “dizerem ao Governo e ao Parlamento o que acham que está mal”.

A universidade aproveitou a cerimónia para apelar ao contributo financeiro para o projecto, que entrou esta terça-feira na segunda fase de recolha, depois de “algumas das maiores empresas portuguesas, multinacionais e doadores individuais” terem conseguido entregar à instituição 35 milhões de euros desde 2014.

Ao PÚBLICO, Daniel Traça, director da NOVA SBE, conta que a prioridade foi garantir um espaço que permitisse o crescimento do número de alunos, actualmente fixado nos 2800 alunos, nas instalações de Campolide, e que deverá aumentar, numa primeira fase, para 3500 alunos, apesar de as novas instalações oferecerem uma capacidade para 5 mil. “Gostava que os melhores alunos na Europa que pensam em estudar nas nossas áreas considerem a Nova, e que as empresas pensem na Nova quando quiserem procurar talento”, definiu o director. “Queremos estar onde estão as melhores escolas do mundo”, comentou Daniel Traça, lembrando o ranking do Financial Times, no qual o programa International Master in Management conquistou um lugar no top 20.

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