Carreira do farmacêutico hospitalar só será discutida a partir de 2017, diz ministro

Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos disse ver este adiamento “com muita apreensão”.

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pcm patricia martins - 22 agosto 2015 - portugal, lisboa - farmacia patricia martins

O estatuto da carreira de farmacêutico hospitalar, reivindicado há 20 anos por estes profissionais, não irá avançar este ano devido a constrangimentos financeiros, revelou o ministro da Saúde, um anúncio que a Ordem lamenta.

No Dia do Farmacêutico, o ministro da Saúde anunciou que as carreiras vão começar a ser discutidas no final de 2017/2018.

No final de uma visita à Unidade de Tratamento Intensivo de Toxicodependência e Alcoolismo (UTITA), pertencente ao Hospital das Forças Armadas, Adalberto Campos Fernandes classificou de “mais do que legítima” a reivindicação da criação dos estatutos da carreira de farmacêutico hospitalar.

A criação desta carreira irá assegurar “a continuidade do papel do farmacêutico hospitalar para a segurança dos doentes e para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, segundo a Ordem dos Farmacêuticos.

“Acompanhamos esta preocupação, mais do que legítima, que introduz segurança, respeito, por uma profissão que é muito relevante”, disse o ministro, comprometendo-se a iniciar o trabalho com vista à criação desta carreira “logo que seja possível”.

Questionado sobre a razão da criação da carreira não avançar este ano, o ministro disse tratar-se de “uma questão de responsabilidade política” que visa acabar o ano “com boas contas”.

Presente nesta visita, a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos disse ver este adiamento “com muita apreensão”.

“Não desconhecemos a situação difícil que o país atravessa, somos sensíveis a isso, mas a carreira farmacêutica está pendente há 20 anos”, disse Ana Paula Martins.

Para a bastonária, estão em causa 1.100 farmacêuticos e um “impacto orçamental nulo”.

“A carreira é um percurso, como é para os médicos e enfermeiros, no SNS. Garante que durante quatro anos os farmacêuticos são treinados para, por exemplo, nos serviços de oncologia, não só na preparação, como na validação do que é prescrito e nas reacções adversas detectadas, os farmacêuticos conseguem garantir essa segurança”, sublinhou a Ana Paula Martins.

A bastonária afirmou que, na área do medicamento, “são os farmacêuticos que que garantem segurança em todo o circuito”.

“Procura-nos muito não termos a possibilidade de não treinar novos farmacêuticos para estas funções”, pois os profissionais que actualmente estão nos hospitais “estão em fim de carreira ou num grupo etário que não garante a sua continuidade”.