Viabilidade da Soares da Costa depende de três PER distintos
Extensão da lista de créditos obriga administrador de insolvência a pedir prorrogação do prazo. Empresa diz que em causa estão dívidas de cerca de 500 milhões de euros.
Para além de ter interposto no tribunal de Gaia um Pedido Especial de Revitalização (PER) para viabilizar a Soares da Costa SGPS, a administração da empresa teve de entregar três procedimentos distintos relativos a outras tantas entidades jurídicas: a Soares da Costa Construções, a SCSP - Soares da Costa, Serviços Partilhados, S.A. e a Clear – Instalações Electromecânicas SA. Ao que o PÚBLICO apurou junto de fonte oficial da empresa, este é “um procedimento normal” e que decorre de “um único problema” que afectou entidades jurídicas diferentes.
Questionado pelo PÚBLICO acerca do montante de créditos em causa, e qual era o volume de dívidas que a Soares da Costa reconhecia, a mesma fonte apontou para um volume de 500 milhões de euros. Mas, sublinhou, há a consciência de que o montante que vai resultar do somatório de créditos que o administrador judicial nomeado está presentemente a analisar vai ser superior. Isto porque os credores fizeram reclamações de créditos referentes a dívidas vencidas (cujo prazo de pagamento já ultrapassado), mas também as vincendas (que estavam previstas em contrato e cujo prazo de pagamento ainda não expirou).
O elevado número de credores, e a complexidade de alguns dos créditos que foram submetidos dentro do prazo, só no processo da Soares da Costa Construções SA, levou a que o administrador judicial requeresse a prorrogação do prazo legal para apresentação da lista provisória de créditos. O pedido foi interposto no passado dia 5 de Setembro, e a prorrogação foi deferida para mais 20 dias – que terminam na próxima terça-feira, dia 26. Entretanto, o prazo para apresentação de créditos relativos à empresa Clear termina também na terça-feira, e o prazo que foi dado aos credores que tenham dívidas a reclamar relativamente à Soares da Costa Serviços Partilhados deverão fazê-lo até ao próximo dia 30 de Outubro.
Só depois de o administrador judicial de insolvência ter concluídas todas as listagens provisórias dos créditos relativos a cada uma destas entidades jurídicas é que a administração da empresa poderá propor, em assembleia de credores, um plano de viabilização que deverá, necessariamente, passar por um perdão de dívida. Recorde-se que entre os principais credores estão bancos nacionais e angolanos. O maior credor é a Caixa Geral de Depósitos, com créditos a atingir os 160 milhões de euros, e o BCP, com uma carteira em dívida de 100 milhões. O Banco Popular português detém um crédito de cerca de 22 milhões, o Bankinter outros 20 milhões e o angolano Banco Económico (ex-BES Angola) 19 milhões.
A administração da Soares da Costa tem vindo a manter negociações com estes credores, de forma a ter alguma garantia de que o plano de viabilização que vai apresentar à assembleia de credores – que ainda não tem data marcada – será aprovado. A expectativa é conseguir garantir a existência da empresa numa altura em que está a apenas dois anos de distância de comemorar um século de vida.