Wall Street Journal diz que Guterres geriu mal ACNUR e declara apoio a candidato sérvio
O jornal norte-americano criticou o mandato do antigo primeiro-ministro português enquanto Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
O jornal norte-americano The Wall Street Journal (WSJ) acusa António Guterres de ter gerido mal o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e aponta o sérvio Vuk Jeremic como o único “candidato louvável” a líder da ONU.
Num editorial publicado esta sexta-feira na sua edição online, intitulado “Quem vai liderar a ONU?”, o jornal afirma que entre os candidatos favoritos ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas está “um socialista de sempre que geriu mal uma organização humanitária global”, numa referência ao antigo primeiro-ministro português António Guterres, que dirigiu o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, durante dez anos, até ao final de 2015.
António Guterres, que venceu as quatro votações informais realizadas pelo Conselho de Segurança da ONU até agora realizadas, “é o favorito dos europeus ocidentais, apesar de uma auditoria interna das Nações Unidas ter arrasado”, em Abril, a sua gestão, considerando-o “incapaz de cumprir regras, proteger bens das Nações Unidas, providenciar dados financeiros correctos e conduzir operações eficazes”.
O Wall Street Journal comenta que a tradição da ONU prevê que o cargo seja rotativo entre os diferentes blocos regionais, e “agora é a vez da Europa de Leste”.
O jornal conclui que o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros sérvio Vuk Jeremic, que “ficou em terceiro lugar [na última votação do Conselho de Segurança, em 9 de Setembro], é o único candidato louvável no grupo” de candidatos à sucessão de Ban Ki-moon a partir de 2017.
“Jeremic parece entender que o seu primeiro trabalho como secretário-geral é de trazer um controlo administrativo apropriado para a extensa burocracia e de exigir aos quadros das Nações Unidas que apresentem publicamente, todos os anos, informações financeiras para evitar a corrupção que se tornou endémica nos tempos de Kofi Annan [que precedeu a Ban Ki-moon no cargo de secretário-geral] ”, defende o jornal, que acrescenta: “Isso iria recuperar alguma confiança da opinião pública no sistema defeituoso das Nações Unidas”.
“Quem conquistar o cargo, vai herdar uma organização que está a falhar em múltiplas frentes, desde assumir a responsabilidade pela epidemia de cólera que causou no Haiti, à incapacidade das forças de manutenção de paz de impedir atrocidades no Sudão do Sul”, refere ainda o jornal, que é um histórico crítico da actuação da organização multilateral, mais notoriamente durante a Administração do Presidente dos Estados Unidos George W. Bush.
Sobre os restantes candidatos, o WSJ refere que o actual favorito da Europa do Leste, o ministro dos Negócios Estrangeiros eslovaco, Miroslav Lajcak (que ficou novamente em segundo lugar na última votação) foi diplomata da Checoslováquia sob a antiga ditadura comunista, além de ter estudado em Moscovo.
Irina Bokova, outra concorrente, lidera a UNESCO, outra agência das Nações Unidas que o jornal considera ser “notoriamente anti-Israel, além de ser a preferida do Presidente russo, Vladimir Putin”, mas as suas hipóteses “parecem ter esmorecido, depois de cair da quarta para a quinta posição”.
A favorita da administração norte-americana, a argentina Susanna Malcorra, antiga chefe de gabinete de Ban Ki-moon, tem poucas possibilidades com o Reino Unido, “dado o histórico de Buenos Aires de usarem a ONU para causar problemas diplomáticos por causa das [ilhas] Falkland”, cuja posse é disputada com Londres.