Portuguesa dos Desportos, um histórico que bateu no fundo

Clube com origens portuguesas da cidade de São Paulo desceu à quarta divisão e debate-se com graves problemas financeiros.

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A Portuguesa vive momentos difíceis DR

Clube histórico da cidade de São Paulo e do Brasil (chegou a ser vice-campeão há 20 anos), a Associação Portuguesa dos Desportos está, aos 96 anos, numa fase muito difícil da sua história.

Desportivamente, a "Lusa", fundada a partir da fusão de cinco clubes portugueses da cidade de São Paulo, foi relegada, no último fim-de-semana, da Série C do campeonato brasileiro, equivalente à 3.ª divisão, para a Série D, a quarta e última divisão dos nacionais. Mais que isso: foi a terceira descida do clube em três anos e treinadores foram 16 nesse período de tempo. O actual presidente é José Luiz Ferreira de Almeida, mas é o terceiro em três anos. É um clube em queda livre, principalmente desde 2013, ano em que conseguiu a manutenção nos relvados, mas em que desceu à 2.ª divisão devido à utilização irregular do médio Héverton, na última jornada, contra o Grémio de Porto Alegre.

A descida à quarta divisão resultou numa grande revolta dos adeptos, que invadiram o estádio e destruíram tudo o que encontraram, nomeadamente o gabinete do presidente. “Partiram tudo. Estamos a lidar com bandidos. Interesse na recuperação eles não têm. Na hora de ajudar, não fazem nada”, acusou o presidente do clube, Ferreira de Almeida. O treinador, o quinto desde o início do ano civil, é Márcio Ribeiro, que já admitiu que a Portuguesa “chegou ao fundo do poço” mas que “tem de se levantar”.

Mas o problema não é só desportivo. É também financeiro. Segundo a ESPN, as dívidas do clube, a ex-jogadores, ex-funcionários e à câmara de São Paulo, ascendem a cerca de 55 milhões de euros. A situação é de tal maneira aflitiva que, para Novembro, está previsto um leilão do estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte, mais conhecido como o estádio do Canindé. No Brasil fala-se que a "Lusa" pode mesmo fechar as portas. Apesar de admitir uma dívida “muito grande”, o presidente garante que tal não vai acontecer. “Fechar, não fecha. Quantas equipas tiveram essas quedas e voltaram?”, questionou-se Ferreira de Almeida em conferência de imprensa.

Apesar do optimismo do dirigente, a verdade é que exemplos anteriores não auguram nada de bom para a Portuguesa. Clubes como o São Caetano, o Santo André, o Grêmio Barueri, o Ipatinga ou Brasiliense fizeram o mesmo percurso (da primeira à quarta divisão) e nenhum deles participa, hoje, nos campeonatos nacionais. Os próximos meses serão decisivos para o futuro de um clube onde jogaram Tite, o actual seleccionador brasileiro, ou grandes figuras da selecção “canarinha” como Djalma Santos e Roberto Dinamite. Também lá jogou o avançado Ricardo Oliveira (o internacional brasileiro é hoje jogador do  Santos), e, a nível de treinadores, destacam-se os míticos Mario Zagallo e Otto Glória.

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