Quem é o culpado?

Para fãs da série, exclusivamente.

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Um filme profundamente conservador
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Grande símbolo, juntamente com Sexo e a Cidade, da “comédia feminista” (atenção à ironia) do princípio dos anos 2000, Bridget Jones regressa para um terceiro episódio 12 anos depois do ponto em que a sua última angustia se resolvera. Agora, já quarentona e com a cara ligeiramente diferente (depois da famosa plástica de Renée Zellwegger), a angústia fia mais fino: Bridget engravida e não sabe se o pai é Colin Firth (o famoso Darcy, recuperado dos primeiros episódios) ou o recém-chegado Patrick Dempsey.

A lógica pode ser descrita como a de uma comédia “whodunit”: quem o fez? Bridget não o sabe dizer e esse é o móbil do filme. A ideia tem potencialidades, parcialmente aproveitadas, mas repete as pechas dos primeiros filmes, caindo num excesso de amabilidade “britcom”, com muita piscadela de olho ao espectador e muito pouco veneno, e com a incapacidade, recorrente na comédia romântica contemporânea, de lidar de forma satisfatória com ausência de interditos - se se pode dizer tudo e mostrar tudo sem subterfúgios, que lugar resta para a sugestão, para a insinuação, para a mordacidade dos não-ditos, que desde sempre foram a alma e o motor das “comédias sexuais” da época clássica? Não é que o espectador não se ria, que Zellwegger não seja capaz de uma certa graça ou que o argumento (sobretudo nos diálogos) não tenha os seus momentos. Mas é que ao conservadorismo para que, apesar das aparências, tudo tende, acaba por corresponder um cinema também ele profundamente conservador, funcional mas incapaz de qualquer sinal de transgressão. Para fãs da série, caso ainda os haja, exclusivamente.

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