Cientistas decifram cor de dinossauro que viveu na China há 120 milhões de anos
Através de registos fósseis, cientistas do Reino Unido decifraram a cor e o ambiente do "fofo" Psitacossauros.
Guiados por pequenas estruturas preservadas em pele fossilizada, cientistas do Reino Unido decifraram a cor e o padrão camuflado de um pequeno dinossauro com um bico semelhante ao de um papagaio e cerdas na cauda que rondou as florestas densas da China há cerca de 120 milhões de anos.
O psitacossauro era essencialmente castanho, mas mais escuro no dorso e mais claro na parte de baixo da barriga e da cauda. Este padrão, hoje comum em muitos animais, pode ter ajudado o herbívoro bípede, de 1,5 metros de comprimento, a passar despercebido a predadores famintos, referiram os cientistas.
O dinossauro também tinha um rosto muito pigmentado, listas na parte interna das patas traseiras e manchas na parte externa. O padrão de cor leva a crer que o psitacossauro viveu num ambiente de floresta com luz difusa filtrada por uma cobertura densa de árvores, segundo os pesquisadores que recriaram um modelo em tamanho real e colorido baseado nas descobertas.
"O nosso modelo dá a entender que ele era super, super fofo. Acho que eles teriam dado animais de estimação fantásticos. Parecem-se um pouco com o E.T.", disse o paleobiólogo molecular Jakob Vinther, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, referindo-se ao alienígena amigável do filme E.T. – O Extraterrestre, realizado por Steven Spielberg, de 1982.
Existem centenas de fósseis individuais do psitacossauro, que significa "lagarto papagaio" e é um dos dinossauros estudados com mais detalhe. Este réptil tinha o tamanho aproximado de um cão labrador retriever, e provavelmente era uma refeição comum para predadores do período Cretácico como o Yutyrannus, primo do Tyrannosaurus rex, que tinha 9 metros de comprimento.
O psitacossauro é o terceiro dinossauro que consegue ter as suas cores decifradas pelos cientistas através do recurso a organelos celulares fossilizados chamados melanossomas que sintetizam e armazenam a melanina nos animais vertebrados e que se manifestam no pelo, nas penas e na pele. Neste trabalho publicado na revista Current Biology, os investigadores conseguiram pela primeira vez usar os dados obtidos da cor do dinossauro para conjecturar sobre o ambiente onde ele vivia.
O psitacossauro, um dos elementos do grupo de dinossauro com chifres que inclui os tricerátopos, tinha um rosto pequeno, um bico forte para comer plantas e longos filamentos acima da cauda. O padrão camuflado contrabalançava com o efeito da luz do sol - que ilumina mais a parte de cima dos animais e menos a região ventral. Ao ser mais escuro no dorso e mais claro no ventre, o psitacossauro tornava-se menos visível.
"Este padrão está em toda parte. No mar, na terra e nos pássaros", disse Vinther. "Os exemplos poderiam ser pinguins, papagaios-do-mar, golfinhos, cavalas, cervos, raposas, antílopes. É omnipresente”.