Extrema-direita e refugiados envolvidos em confrontos na Alemanha

Cidade no Leste da Alemanha foi mais uma vez palco de episódios de violência envolvendo requerentes de asilo.

Foto
Grupos de refugiados e requerentes de asilo envolveram-se em confrontos com elementos da extrema-direita em Bautzen Christian Essler / AFP

Cerca de uma centena de pessoas entre as quais se contavam elementos de grupos de extrema-direita e refugiados envolveram-se numa batalha campal, numa cidade no Leste da Alemanha, de que resultou alguns feridos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Cerca de uma centena de pessoas entre as quais se contavam elementos de grupos de extrema-direita e refugiados envolveram-se numa batalha campal, numa cidade no Leste da Alemanha, de que resultou alguns feridos.

A violência começou um pouco antes das 21h locais (20h em Portugal continental) de quarta-feira numa praça de Bautzen, uma cidade de 40 mil habitantes 60 quilómetros a leste de Dresden, onde cerca de 80 homens e mulheres, na sua maioria pertencentes “ao movimento de extrema-direita”, e duas dezenas de requerentes de asilo entraram em confronto, primeiro verbalmente e depois fisicamente, segundo um comunicado da polícia local, citado pela AFP.

Um grupo de residentes locais acusou os refugiados de ocuparem uma praça da cidade, próxima de um centro comercial. A polícia começou a dispersar os requerentes de asilo, que, de acordo com algumas testemunhas, responderam atirando garrafas. De seguida, foram perseguidos por grupos ligados à extrema-direita.

Uma ambulância foi atingida por pedras atiradas pelos manifestantes de extrema-direita quando transportava um marroquino de 18 anos para o hospital local, segundo a BBC. Os grupos em confronto acabaram por ser separados por mais de uma centena de agentes policiais.

Não é a primeira vez que Bautzen é palco de episódios violentos com os mesmos envolvidos. Em Fevereiro, um edifício de acolhimento de refugiados foi incendiado sob aplausos de parte da população. No mês seguinte, o Presidente alemão, Joachim Gauck, visitou a cidade e foi recebido com vaias.

O Leste da Alemanha — apesar de não ser o destino da maior parte do milhão de refugiados recebidos no país no ano passado, a maioria oriundos da Síria e do Iraque — tem assistido a um crescimento das atitudes hostis em relação aos requerentes de asilo, ao mesmo tempo que o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), à custa da sua agenda xenófoba, vai somando apoio entre o eleitorado.

No início do mês, nas eleições estaduais no Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, a AfD ficou pela primeira vez à frente do partido democrata-cristão CDU, que está no poder a nível federal.

A vaga de ataques associados a interpretações radicais do islão na Alemanha também tem contribuído para o clima de hostilidade de parte da população, cada vez mais crítica da política de “portas abertas” da chanceler Angela Merkel. Esta semana, as autoridades alemãs detiveram três sírios suspeitos de estarem ligados ao grupo terrorista Estado Islâmico.

Em 2015, as autoridades alemãs registaram mais de mil ataques contra locais de acolhimento de refugiados em todo o país. Bautzen e a cidade vizinha de Niedergurig possuem quatro abrigos para requerentes de asilo.