A nova Cabovisão quer ser low cost e à la carte
A Cabovisão, rebaptizada de Nowo, dá ao cliente a possibilidade de escolher os serviços que quer acrescentar à Internet fixa.
Cinco meses depois de ter chegado à Cabovisão, Miguel Veiga Martins desvendou a nova estratégia com que a operadora de cabo regional ambiciona duplicar o número de clientes para 400 mil e garantir uma fatia de 10% das receitas do mercado de telecomunicações nos próximos dois anos (actualmente tem 5%).
Numa conferência em que, “se calhar”, se falou “pela última vez” da Cabovisão, o presidente executivo da empresa que foi vendida pela Altice aos fundos Apax França e Fortino apresentou a marca Nowo. Uma marca que vem para “romper o status quo” e “trazer mais justiça” ao mercado de telecomunicações, assegurou Veiga Martins, considerando-o um mercado “dominado por pacotes” e “saturado”, “onde ninguém pode escolher o que quer e onde todos pagam por serviços indesejados”.
Daí que o gestor garanta que a estratégia da Nowo dá “mais liberdade” ao cliente, permitindo-lhe “escolher serviços” , sem que tenha de pagar “pacotes pré-definidos”, que incluem telefone fixo ou mais de uma centena de canais de televisão. É uma oferta “configurável”, como resumiu o responsável de marketing da empresa, José Henriques.
“O ponto central da oferta”, sem o qual será impossível contratar outro serviço isoladamente, é uma oferta base de Internet a 100 Mbps, por 19,99 euros, que inclui 33 canais analógicos de TV. A partir daqui (e deste “preço muito agressivo”), se quiser juntar serviços, como maior velocidade, canais digitais e canais premium, telefone fixo ou telefone móvel é ir somando, seja no site da empresa, seja nos simuladores self-service das 20 lojas espalhadas pelo país, para ver quanto fica a pagar. O móvel é mesmo a grande novidade neste portefólio de serviços, já que a empresa sedeada em Palmela conseguiu chegar a acordo com a PT Portugal para montar um operador móvel virtual sobre a rede da empresa da Altice.
A fidelização mais longa nas ofertas da Nowo são 12 meses (a legislação permite um máximo de 24 meses) e, nestes contratos, a empresa assegura que a instalação do serviço é gratuita. Nas fidelizações de seis meses para o pacote base a instalação custa 30 euros e, no caso das adesões sem fidelização, a despesa é de 50 euros.
Confessando que não gosta da expressão low cost, Miguel Veiga Martins não deixou em todo o caso de estabelecer o paralelismo entre o novo posicionamento da Cabovisão (cujo rebranding custou seis milhões de euros) e o sector da aviação: a Easy Jet e a Southwest Airlines “revolucionaram o mercado” porque retiraram “os extras desnecessários” e tentaram “optimizar os custos e passar algum valor para os clientes”. Na “nova” Cabovisão, um dos cortes de despesa passa pela redução da equipa de vendas porta-a-porta, já que a nova estratégia privilegia a interacção do cliente com a marca através dos seus simuladores online, exemplificou.
Com uma rede híbrida (fibra óptica e cabo coaxial) que chega a quase um milhão de casas, Miguel Veiga Martins admite que “há grande espaço de crescimento em algumas zonas”, pelo que a empresa admite investir em rede “nas zonas adjacentes” às suas, se houver procura. Para isso, a Cabovisão admite estudar um investimento de trinta milhões de euros a dois ou três anos, “à medida que o sucesso for acontecendo”.
Sem querer adiantar detalhes sobre o processo de reorganização da empresa desde que assumiu funções, Miguel Veiga Martins assegurou que os novos accionistas “estão para ficar, querem investir e colaborar nesta transformação”. Além da Oni (operadora de telecomunicações empresariais) e Cabovisão, a Apax França está presente em Portugal através da Europe Snacks e da SK FireSafety, empresas que se dedicam ao fabrico de aperitivos salgados e à actividade de segurança contra incêndios.
É ainda accionista da GFI, empresa de tecnologias de informação que presta serviços a outros operadores de telecomunicações como a Vodafone e a PT Portugal. Mas “a ligação” entre a gestão da Oni e Cabovisão aos accionistas passa pelo líder da Fortino (fundo belga), Duco Sickinghe, antigo presidente da operadora de cabo belga Telenet. “É ele que tem o know-how” e que tem ajudado a nova equipa de gestão a reorganizar as empresas, assegurou Veiga Martins.