Katty Xiomara, em Nova Iorque e no fundo do mar
Designer portuguesa apresentou-se no calendário paralelo da Semana de Moda de Nova Iorque com o apoio do Portugal Fashion.
A moda feminina de Katty Xiomara voou até Nova Iorque pela primeira vez em 2013 e criou raízes – os Estados Unidos são o melhor mercado da designer, enquanto a Europa é um mercado “instável”, diz. Segunda-feira, nos estúdios Pier 59, no bairro de Chelsea e junto ao rio Hudson, mostrou uma Primavera/Verão 2017 com detalhes marítimos.
A colecção Corrente das Agulhas, que é também o nome de uma corrente marítima perigosa no sudoeste do oceano Índico, tem os azuis das profundezas do mar em gabardinas leves, os tons salmão dos recifes e corais em vestidos com redes. As criaturas marítimas estão estampadas em tecidos leves, as escamas dos peixes estão em saias justas de lantejoulas, as ondas em folhos e sobreposições e há conjuntos a lembrar os marinheiros e os seus colarinhos, com riscas azuis, brancas e vermelhas, saias e calças subidas com botões.
“O tema náutico é um clássico da moda. É um tema que, tal como os asiáticos e orientais, se repete, se revive”, comenta Katty Xiomara momentos antes do desfile, entre os retoques finais numa presilha em formato de peixe num vestido e os ensaios das modelos na passerelle. Esta colecção é, então, um revivalismo “contemporâneo” do universo marítimo com um “cunho pessoal” – os colarinhos em tecido e os detalhes mais românticos, como os folhos em renda, são imagem de marca da designer luso-venezuelana.
A sala A dos estúdios Pier 59, palco dos desfiles do calendário paralelo da Semana de Moda de Nova Iorque, com capacidade para 350 pessoas, encheu à hora marcada (19 horas locais, 00h30 em Portugal) – em 2013, na primeira visita a Nova Iorque, Xiomara desfilou neste mesmo estúdio mas numa sala com menor capacidade, com menos agentes de compras ou imprensa a assistir. Ao contrário do que acontece nos locais dos grandes desfiles do calendário principal (entre Chelsea e o Soho, noutros estúdios ou cais, bem como noutros espaços especiais escolhidos pelos designers), aqui há menos filas para entrar, os bastidores são mais acessíveis e é possível acompanhar os preparativos para a apresentação.
Xiomara já mostrou as suas colecções outras quatro vezes em Nova Iorque e esteve presente em várias feiras e showrooms – as feiras servem para contactar “de uma só vez” com todos os clientes e tentar arranjar "novos” enquanto os desfiles são mais abertos, trazem imprensa e fotografias nas redes sociais. “Nova Iorque é um centro de compras, tal como Paris”, considera, apontando os Estados Unidos como o seu maior mercado e como uma forma de chegar aos mercados canadiano, russo ou asiático. Em Portugal, onde tem uma loja própria mas poucas presenças em lojas multimarca, as vendas não são tão expressivas. “Viver só com o mercado português não dá”, lamenta.
A apresentação de Xiomara marcou o regresso do Portugal Fashion, um projecto da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) em parceria com a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, a Nova Iorque – a cidade foi um dos primeiros destinos internacionais do evento, no ano 2000. Em Fevereiro de 2015, o Portugal Fashion testou a reaproximação à Semana de Moda de Nova Iorque com o Next Step, um dos seus “braços comerciais”, que leva criadores de moda a feiras especializadas. Este regresso “representa a maturação do Portugal Fashion Internacional”, destaca a organização em comunicado à imprensa, que está agora presente nos principais circuitos de moda mundiais, em showrooms ou desfiles paralelos aos calendários oficiais: Nova Iorque, Londres, Milão e Paris. “Em Nova Iorque sentimos o verdadeiro apelo ao the american dream, local onde tudo é possível”, atesta João Rafael Koehler, presidente da ANJE.
Esta terça-feira é a vez de Miguel Vieira se estrear na passerelle nova-iorquina com uma colecção de Verão inspirada em África Minha.
O PÚBLICO viajou a convite do Portugal Fashion