Conservadores vencem eleições na Croácia pela segunda vez num ano
Andrej Plenkovic, o líder do HDZ, tem pela frente difíceis negociações para formar coligação estável.
Contrariando as expectativas, os conservadores croatas venceram as legislativas de domingo, as segundas realizadas em menos de um ano no país, e preparam-se agora para a difícil tarefa de negociar uma coligação com a estabilidade necessária para realizar as reformas exigidas pela União Europeia.
“Somos o partido que terá o privilégio de formar um Governo estável”, afirmou Andrej Plenkovic, antigo diplomata e eurodeputado que assumiu as rédeas da União Democrática Croata (HDZ, o partido que liderou o país durante a guerra e os anos seguintes à independência) perante o desmoronar da anterior liderança e as crises que ditaram a queda do executivo ao fim de apenas seis meses no poder.
O tom moderado que adoptou, em contraciclo com a retórica nacionalista do seu antecessor, Tomislav Karamarko, ajudou o partido a convencer o eleitorado do centro, que os sociais-democratas acreditavam ter conquistado. Até à abertura das urnas, as sondagens faziam prever a vitória do SDP liderada pelo antigo primeiro-ministro Zoran Milanovic, mas terminada a contagem, os dois partidos trocaram de posição – o HDZ elegeu 61 deputados, mais sete do que os sociais-democratas.
Ainda assim, as eleições ficaram marcadas por uma afluência historicamente baixa (52%, ou seja dez pontos percentuais abaixo da registada nas legislativas de Novembro), o que traduz o desagrado dos eleitores com a paralisia que marcou os últimos meses, num momento em que o país enfrenta uma grave crise económica, e que fica também visível pela subida do partido populista de esquerda Ziv Zid (Escudo Humano) que fez campanha contra a corrupção na política e na banca.
Mas a tarefa de Plenkovic não se adivinha fácil. Para formar Governo terá de formar uma nova aliança com o Most (Ponte), partido próximo dos meios católicos, que elegeu 13 deputados. As negociações que deram origem à anterior coligação entre os dois partidos demoraram seis semanas e o entendimento não resistiu às primeiras crises.
Mas mesmo que o HDZ aceite as condições do Most, incluindo a aprovação de leis para reformar o financiamento dos partidos e impor um código de conduta aos deputados, a coligação ficaria aquém da maioria absoluta – um patamar sem o qual o executivo terá dificuldade em cumprir as exigências de Bruxelas, que há muito pede a Zagreb que reforme a Administração Pública, reduza o seu défice e aprove leis mais favoráveis ao investimento.