Quincy Jones, 1959

Quincy Jones com 26 anos era já um génio e um sábio vidente.

Estou absorto a ler as entrevistas de Ralph J.Gleason a grandes músicos de jazz, publicadas este ano em livro com o título Conversations In Jazz. Em capa dura custa 20 libras na Amazon reino-unidense, fora os portes e o facto de levar entre 1 e 3 semanas a entregar.

No Kindle custa 18,44 dólares e obtém-se logo. O que é estranho é podermos ler, de borla, grandes nacos do livro no Google Books, onde se vende o ebook inteiro por 32,55 euros.

A maravilhosa entrevista a Quincy Jones, feita em 1959, está quase toda lá. De vez em quando falta uma página mas dá perfeitamente para ler. Uma coisa é certa: ninguém dará 32,55 euros só para ler as páginas que faltam quando podem comprar a edição Kindle inteira por 18,44 e a bonita e sólida edição publicada pela Yale University Press por menos de 30 euros. O que é que se passa?

Gosto de pensar que a Google e as editoras académicas têm um acordo para facilitar a leitura parcial de quem não tem dinheiro para comprar esses livros. Vou mais longe ainda nesse gosto: nos meus sonhos, os autores dos livros recebem, por essa generosidade pública, uma percentagem razoável dos direitos que cobrariam caso os exemplares fossem vendidos.

Quincy Jones com 26 anos era já um génio e um sábio vidente. Explica que o público europeu é melhor do que o americano por ser mais educado, humilde e consciente da música negra vir de quem está na mó de baixo (underdog).

Nunca li uma entrevista mais sincera, aberta, engraçada ou profética.

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