Cinquenta anos depois, EUA e Cuba voltam a ter ligação aérea comercial
Nesta quarta-feira foi derrubada mais uma herança da Guerra Fria e os dois países voltam a ter ligações aéreas comerciais.
São cerca de uma hora e quinze minutos que demoraram mais de 50 anos a ser percorridas. Esta quarta-feira foi realizado o primeiro voo comercial entre os Estados Unidos e Cuba, naquele que é mais um passo rumo à normalização de relações entre os dois adversários geopolíticos.
Saiu às 9h45 (14h45 em Portugal continental) do aeroporto internacional de Fort Lauderdale, na Florida, o voo 387 da JetBlue Airways com destino a Santa Clara, uma cidade no centro da ilha — que foi ironicamente o palco da última batalha da Revolução Cubana, que deu a vitória à rebelião comunista contra o ditador apoiado por Washington, Fulgencio Batista.
Entre os passageiros do voo inaugural está o secretário de Estado dos Transportes, Anthony Foxx, e vários descendentes de imigrantes cubanos nos EUA. O acordo feito entre os dois países prevê uma limitação diária de 20 voos e arranca já em Setembro.
Esta é mais uma importante etapa no processo de reaproximação diplomática e económica entre os dois países, iniciado em Dezembro de 2014, depois de meses de negociações secretas. Em Março, o Presidente Barack Obama fez uma visita histórica a Havana.
O início das ligações aéreas encontra, no entanto, alguns obstáculos até ser lucrativo. O Congresso norte-americano mantém o embargo comercial à ilha, que impede os cidadãos de a visitarem a título turístico. As únicas excepções contemplam apenas viajantes que visitem a família ou que tenham objectivos profissionais, culturais, religiosos ou educativos.
Apesar das limitações, as companhias aéreas norte-americanas apressaram-se a assegurar voos entre os EUA e Cuba. “A maioria das companhias olha para os mercados internacionais que estiveram restritos e estão agora a abrir-se como um investimento”, disse à Reuters o consultor Robert Mann.
Lázaro Chavez, um farmacêutico de 49 anos que mora em Miami mas viaja frequentemente para o seu país de origem, explicou por que razão decidiu ir no voo inaugural: “Primeiro, porque vou ver a minha família. Segundo, porque quero estar neste voo histórico.”