Tira! Tira! Tira!
Não. Não martirizem o burkini. Por amor de Deus.
Ainda bem que foi levantada a proibição do burkini numa das praias em França. Sarkozy foi frustrado e a civilização ocidental pode respirar fundo e acender um cigarro.
O burkini está um passo à frente da burka: deixa ver a cara da portadora. Já lá vai o tempo em que a magnífica Nigella Lawson usou um burkini para proteger a pele do sol.
As praias portuguesas estão cheias de crianças estrangeiras com fatos iguaizinhos a burkinis sem que daí venha mal ao mundo. Temos pena delas, por não poderem sentir a água do mar, o sol, a sombra e a brisa na pele, mas a dermatologia está do lado delas.
Para mais, ainda há nas nossas praias muitas senhoras e muitos senhores cobertos dos pés à cabeça. Para não falar nos pescadores e nas pescadoras tradicionais ou, para esquecermos as sete saias e sermos mais modernos, vejam-se os fatos dos surfistas que servem, para todos os efeitos, de burkinis.
Por muito que os franceses sejam apreciadores incuráveis do corpo humano é ridículo ver, como se viu na praia de Nice, polícias a mandar despir uma mulher que estava ali de burkini e rosto descoberto, sem fazer mal a ninguém.
Uma viúva ou um víuvo da região saloia ou do Alentejo — ou um grupo de intelectuais contemporâneos — vestidos todos de preto como manda a tradição, também serão obrigados, caso pisem as míseras areias da Côte d’Azur, a destapar um ombro, acompanhados por música de striptease, para impedir o avanço do fundamentalismo islâmico?
Não. Não martirizem o burkini. Por amor de Deus.