Merkel, Hollande e Renzi de novo juntos para analisar “Brexit”
Representantes das três maiores economias da UE discutem pela segunda vez o projecto europeu após a saída do Reino Unido.
Angela Merkel, François Hollande e Matteo Renzi, líderes das três maiores economias da União Europeia (UE), reúnem-se esta segunda-feira para discutir o futuro da Europa e analisar a saída do Reino Unido, num encontro na ilha de Ventotene, Itália.
O convite partiu do primeiro-ministro de Itália Matteo Renzi que escolheu a pequena ilha pelo seu significado simbólico: usada pelo regime fascista italiano para exilar os opositores políticos, foi lá que Altiero Spinelli, um dos fundadores da UE, elaborou juntamente com outros presos políticos o Manifesto de Ventotene, onde se propunha a formação de uma federação europeia.
Esta é a segunda reunião a três, destinada a discutir a situação na UE no rescaldo da inesperada saída do Reino Unido. A primeira realizou-se a 27 de Junho, cinco dias depois do referendo. Na altura, Berlim, Paris e Roma pressionaram Londres a invocar rapidamente o artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que regulamenta o processo de saída de um Estado-membro. Contudo, o processo de “divórcio” deve demorar, pelo menos, dois anos a estar concluído.
O encontro decorre também a três semanas da cimeira europeia agendada para 16 de Setembro, em Bratislava, e que marca o arranque das discussões sobre o futuro da UE, já sem a presença do Reino Unido.
Em declarações à Reuters, uma fonte diplomática disse que intenção de Merkel, Hollande e Renzi é “mostrar a união dos três maiores países da UE, mas não criar um clube específico”. Trata-se de um encontro preparatório para Bratislava, esclareceu. Em cima da mesa está também a preocupação com a hipótese de referendo na Holanda, um dos países fundadores da união.
Angela Merkel está focada em manter a integridade dos Estados-membros e prepara-se para uma ronda de encontros com outros governos. De acordo com a Reuters, irá visitar quatro países e receberá governantes de outros oito. "O objectivo deve ser, primeiro que tudo, preservar o status quo e preverir uma desintegração da UE a 27", referiu outra fonte diplomática à agência noticiosa.
Os três países têm, contudo, visões diferentes sobre como se deve impulsionar o crescimento europeu. Matteo Renzi defende medidas expansionistas e um travão na austeridade, ao mesmo tempo que procura posicionar Itália como um dos protagonistas no desenho do futuro europeu pós-"Brexit". Recolhe o apoio de França no que toca ao recuo nas medidas de contenção a que estiveram sujeitos os Estados-membros mais afectados pela crise, com François Hollande a defender um reforço claro no investimento europeu.
Já a Alemanha, que terá de aumentar fortemente a sua contribuição para o Orçamento europeu com a saída do Reino Unido, não quer aliviar as metas a que estão sujeitos os Estado-membros.