O treinador desconhecido que levou o Brasil à final olímpica

Rogério Micale é o seleccionador olímpico mas até no seu país passa despercebido. Tem uma carreira dedicada à formação e agora pode ficar na história.

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Rogério Micale abraça alguns dos seus jogadores BRUNO KELLY/Reuters

O Brasil está pela quarta vez na final de um torneio olímpico de futebol masculino, jogando pela medalha de ouro este sábado frente à Alemanha. Com um início titubeante (dois empates na fase de grupos), a verdade é que a selecção brasileira chega à final invicta. Um dos obreiros foi claramente Neymar, mas o trabalho do treinador Rogério Micale não pode ser esquecido.

Micale é um desconhecido, até no Brasil. Foi guarda-redes mas teve uma carreira discreta por equipas sem expressão do estado do Paraná. Como treinador, tem feito toda a carreira na área da formação, com importante trabalho realizado no Figueirense e no Atlético Mineiro. “Ele é o melhor treinador do Brasil na área da formação. É calado, trabalhador e entende de futebol”, disse Alexandre Kalil, antigo presidente do clube mineiro, em declarações ao jornal Folha de São Paulo.

Em 2015, Alexandre Gallo demitiu-se da selecção sub-20 brasileira e o escolhido foi Micale. Nesse mesmo ano teve o seu primeiro grande desafio, o Mundial da categoria, na Nova Zelândia. Levou a “canarinha” até à final e aí perdeu com a Sérvia. Pelo caminho eliminou Portugal, nos “quartos”. Com a demissão de Dunga, em Junho, após a precoce eliminação brasileira na Copa América, Rogério Micale foi designado seleccionador olímpico. Conhecido como exigente e disciplinador, é também amigo dos jogadores e isso, nos Jogos, deu frutos. Naquela que é a sua especialidade, o técnico conseguiu potenciar jovens como Luan, Gabriel Barbosa ou Gabriel Jesus, o trio de ataque que tem acompanhado Neymar.

Agora Micale pode ficar na história, dando ao Brasil a primeira medalha de ouro da sua história, no futebol. Falta só vencer a Alemanha, selecção que, por exemplo, goleou Portugal. O técnico sabe que não será fácil. “A Alemanha é muito forte, não chegou à final à toa. Sabemos da evolução deles. Têm um estilo de jogo muito perigoso, estão habituados a jogar assim desde a formação e nós temos que ter muita atenção”, disse, em conferência de imprensa, rejeitando que a partida seja uma vingança em relação ao 1-7 sofrido pelo Brasil no Mundial de 2014 de selecções “A”: “Esta é a selecção olímpica. Isso foi no Mundial. Não tem comparação. São competições, partidas e até idades diferentes”.

Aconteça o que acontecer, uma coisa é certa: Rogério Micale ganhou o respeito dos brasileiros. “Ele tem um conceito de jogo moderno, ousado, sem medo de perder. O Brasil carece de treinadores como ele. Tenho a certeza de que a selecção olímpica está em boas mãos”, disse André Figueiredo, director do futebol de formação do Atlético de Mineiro, à Folha de São Paulo. Ao técnico só ficará a faltar uma medalha (segundo as regras do Comité Olímpico Internacional só os jogadores recebem), mas nada que o preocupe. “Vou arranjar uma maneira de conseguir uma medalha para mim, nem que eu mande fazer”.

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