Madeira investe três milhões em habitação social para desalojados
Albuquerque diz que região não pode esperar pelo apoio de Lisboa e que prioridade é resolver os problemas das pessoas.Governo regional vai iniciar a construção de um bloco de apartamentos para as famílias desalojadas pelos incêndios.
A Madeira não vai esperar pelos apoios de Lisboa, avançando já com um investimento a rondar os três milhões de euros para a construção de habitação social, destinado a alojar definitivamente as 153 famílias que ficaram sem casa na sequência dos incêndios que atingiram a ilha na semana passada.
O presidente do Governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, explicou ao PÚBLICO que a prioridade é resolver os problemas das pessoas, e essa “urgência” não se compadece com os timings das ajudas nacionais ou comunitárias.
“Não vou estar à espera que cheguem os apoios”, vincou Albuquerque, adiantando que o “mais rapidamente possível” – dentro de uma ou duas semanas -, vai começar a ser construído de raiz um bloco de apartamentos para acolher as famílias que foram já colocadas em alojamentos provisórios.
Esta primeira fase, continuou, será construída no Funchal, cidade que foi mais afectada pelos incêndios, e será acompanhada por outros programas que permitam solucionar o problema das famílias desalojadas. Um deles, passa por converter, em alguns casos, o alojamento temporário em arrendamento social.
Ainda sem o levantamento dos danos concluído – só no final da próxima semana esse trabalho estará terminado -, Albuquerque avança já com alguns valores. Depois de quarta-feira o executivo madeirense ter pedido um reforço de 924 mil euros ao Fundo de Emergência Social para a reparação de habitações danificadas, agora são contabilizados mais 1,8 milhões de euros para apoios destinados a famílias carenciadas. Verba, precisou, que será utilizada para repor, mesmo que parcialmente, os bens que foram destruídos pelo fogo.
Noutro campo, e no seguimento de várias medidas tomadas para atenuar os efeitos da tragédia, o governo madeirense decidiu esta quinta-feira apoiar financeiramente os proprietários de automóveis e motociclos destruídos pelas chamas com 1000 e 300 euros, respectivamente.
As chamas que durante quase uma semana atingiram vários concelhos do arquipélago, com especial violência no Funchal, provocaram três mortos, mais de 200 feridos e perto de 600 desalojados.
Albuquerque fala de uma situação anormal. “Durante os meus anos de autarca, ‘enfrentei’ 19 grandes incêndios, mas nada como este”, admitiu, dizendo que nunca antes tinha ocorrido a situação dos "três trintas", como lhe chamou: Temperatura superior a 30 graus, humidade inferior a 30 por cento e velocidade do vento superior a 30 quilómetros por hora.