Alexa Moreno cumpriu o sonho olímpico apesar das críticas ao seu corpo
O corpo de uma ginasta quer-se pequeno, flexível e magro, ou pelo menos em forma, certo? A mexicana Alexa Moreno, que competiu nos Jogos do Rio 2016 em representação do seu país, está aí para provar que não.
Aos 22 anos, Alexa Moreno competiu nas quatro especialidades da ginástica feminina e acabou em 31.º lugar da geral (12.ª no salto). Mas nada doeu mais do que dar conta, depois, que houve quem corresse para as redes sociais para gozar com as suas proporções físicas. Chamaram-lhe “gorda”, puseram na boca dela a frase “quero ganhar o concurso de hot dogs (cachorros)”, num cartoon, representaram-na com a imagem de uma porca de desenhos animados infantis, a Peppa Pig.
“Fiquei triste, sim. Doeu, não sou um robot que não sente”, disse ela, numa entrevista à BBC, aludindo às muitas referências negativas que viu no seu dia de aniversário, nas redes sociais, ignorando assim um aviso de uma irmã, que lhe dissera para ignorar as muitas mensagens online. “Cheguei a duvidar de mim mesma, mas depois pensei que quem fala mal de mim não me conhece”, acrescenta. Moreno admite que não estava com o peso ideal, mas explicou também que tinha sofrido uma lesão muscular a três semanas da competição.
Com 1,47 metros de altura, Alexa pesa entre 52 e 54 quilos. No universo das competidoras na ginástica artística tem uma imagem física que destoa: roliça, coxas grossas, cara redonda. Não foi por isso que deixou de competir, nem foi por isso que não fez melhor, garante ela. “Não tive nenhum erro grave. E fiquei surpreendida com a minha prestação em todas as modalidades”, afirmou a ginasta, cujas especialidades favoritas são o solo e o salto.
“A ginástica é para gente corajosa”, disse ela numa entrevista ao programa Americas Now, na CCTV, ainda antes dos Jogos. “É preciso sermos dedicados e persistentes e ter força de vontade. Não vou parar enquanto não atingir os meus objectivos”.
Praticante desde os três anos, Alexa quer dedicar-se ao curso de Arquitectura. E sonha em estar nos próximos Jogos, Tóquio 2020. Até porque nem tudo o que se disse online foi negativo. Como sempre acontece quando alguém é atacado, há sempre alguém que surge a defender a vítima.
Uma das iniciativas em socorro de Alexa Moreno que foi das mais badaladas foi um conjunto de ilustrações criadas em sua honra por diversos artistas mexicanos, que depois publicaram os desenhos no Instagram.
Para muitos mexicanos, que foram para o Twitter defendê-la, Alexa é uma heroína. Um facto é inegável: foi a única representante de um país de 128 milhões de pessoas naquela modalidade e no concurso de salto ficou em 12.º lugar.