Ouve-se falar de cólicas, dores nas costas, mal-estar e em “coisas de mulher”. Todos os sintomas estão ligados à menstruação, mas em pleno século XXI o tema ainda parece proibido ou então é visto como embaraçoso.
O tabu em torno do assunto não impediu que a nadadora chinesa, Fu Yuanhui, falasse sobre seu período menstrual nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A atleta, que se tornou numa sensação nos média por demonstrar grande alegria e satisfação ao ganhar uma medalha de bronze, o que não é comum nos chineses, voltou a ser notícia após mais uma declaração para a televisão chinesa "CCTV".
No domingo, 14 de Agosto, ao sair da prova de estafeta 4x100 metros livres (em que a sua equipa ficou em quarto lugar), Fu foi encontrada agachada atrás de uma placa aparentando ter dores, como informa a "BBC". Aos jornalistas, a nadadora desabafou: “É porque o meu período veio ontem, então senti-me particularmente cansada — mas isso não é desculpa, eu não nadei bem”.
A declaração sincera de Fu disseminou-se pelas redes sociais e ajudou a quebrar o silêncio no que diz respeito aos ciclos menstruais de atletas do sexo feminino durante disputas desportivas.
Na China, onde o tema é ainda mais negligenciado, o problema é maior. Segundo dados apresentados pelo "The Guardian", em consequência de uma cultura fortemente enraizada e uma inapropriada educação sexual, apenas 2% das mulheres usam absorventes internos. A percentagem baixa pode ser explicada pela falsa associação da perda de virgindade ao uso do produto.
Depois de ter desarmado meio mundo com expressões como "usei todos meus poderes pré-históricos para nadar”, a nadadora contribuiu também para que este tema não passasse despercebido nos Jogos Olímpicos.