Ferro Rodrigues apela a “comportamentos responsáveis” para evitar incêndios

Assembleia da República não vai, para já, fazer qualquer reunião extraordinária para analisar os problemas relacionados com o combate aos incêndios.

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Nuno Ferreira Santos

Os deputados do grupo de trabalho para a temática dos incêndios criado esta semana na Assembleia da República (AR) não tencionam, pelo menos por enquanto, convocar uma reunião extraordinária da Comissão Permanente por causa dos fogos que têm assolado o país.

A menos que a situação dos próximos dias se torne insuportável, atendendo a que as previsões climatéricas são, nas palavras do secretário de Estado da Administração Interna, “assustadoras”. Para já, a prioridade é o combate aos incêndios, pelo que a discussão sobre o assunto há-de voltar ao Parlamento quando este reabrir, disse ao PÚBLICO o deputado comunista António Filipe. Do grupo de trabalho ah doc fazem ainda parte Carlos Matias (BE), Hélder Amaral (CDS-PP), Heloísa Apolónia (PEV), Nuno Serra (PSD) e Pedro Delgado Alves (PS). Já na quinta-feira à tarde, à saída da sede da protecção civil, o bloquista José Manuel Pureza, enquanto vice-presidente da AR, defendeu ser preciso discutir no Parlamento a questão do combate aos incêndios sem qualquer “tabu” e que é tempo de, “mais do que relatórios e discussões”, o assunto ter “decisões que caberá depois ao poder político aplicar”.

Esta sexta-feira de manhã, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e o vice-presidente José Manuel Pureza, divulgaram um comunicado em que apelam aos portugueses que “adoptem comportamentos responsáveis que previnam a ocorrência de fogos” uma vez que as condições climatéricas previstas para os próximos dias “não se afiguram favoráveis”.

O secretário de Estado, ouvido ontem no Parlamento a pedido dos deputados, afirmou que “os próximos dias vão ser muito maus”. E avisou: “Mal de nós se metermos a cabeça na areia.” Mas também garantiu que a protecção civil dispõe de todos os meios – embora estivesse à espera de aeronaves pedidas à Rússia, que devem chegar este sábado de madrugada.

Ferro e Pureza prometem que o Parlamento “acompanhará com a máxima atenção a evolução da situação”. Na quinta-feira, os deputados ouviram Jorge Gomes fazer o ponto da situação do combate aos incêndios nos últimos dias, falar sobre os meios disponíveis, as condicionantes que afectam o trabalho no terreno. No comunicado afirmam que o governante falou também dos “cenários que estão elaborados face às previsões meteorológicas para os próximos dias”, mas Jorge Gomes, apesar de ter sido questionado sobre essa estratégia, não deu informação sobre isso. Esse assunto terá sido depois abordado durante a visita reservada que os deputados fizeram ao centro de comando operacional da Autoridade Nacional de Protecção Civil, em Carnaxide.

No comunicado, Ferro Rodrigues e José Manuel Pureza expressam ainda a “sentida solidariedade” da Assembleia da República com as vítimas dos incêndios e o “reconhecimento pelo inestimável trabalho” de quem combate os fogos – dos bombeiros às Forças Armadas e de segurança, dos profissionais de saúde aos autarcas e populações -, muitas vezes “com risco da própria vida”.

Na quarta-feira, a conferência de líderes decidiu por unanimidade ouvir o Governo sobre a situação dos incêndios e visitar a sede da protecção civil, depois de aquele órgão ter sido convocado com o objectivo de discutir as viagens de governantes pagas pela Galp. Mas a ordem de trabalhos acabou por ser acrescentada e os incêndios tomaram prioridade, com os deputados da esquerda a rejeitarem a pretensão da direita de falar sobre as viagens. Na quinta-feira à tarde, os deputados ouviram o secretário de Estado da Administração Interna e visitaram a protecção civil.

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