Edifício do cineteatro de Ovar voltou a sofrer derrocada e câmara quer salvar fachada

Imóvel voltou a sofrer mais uma derrocada parcial. Para salvaguardar a segurança pública, a autarquia tomou posse administrativa do edifício e encetou uma intervenção de emergência

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Paulo Pimenta

Há já algum tempo que o edifício do antigo Cine-teatro de Ovar vinha apresentando sinais de degradação acentuada – parte do telhado já tinha caído –, reclamando obras urgentes de requalificação. Na passada segunda-feira à noite, a situação tornou-se ainda mais alarmante: foi registada mais uma derrocada parcial e para garantir a segurança pública a Câmara Municipal viu-se obrigada a tomar medidas urgentes. Ontem mesmo, deu início a uma intervenção de demolição das partes do imóvel que “estão em maior risco de ruína”, revelou ao PÚBLICO Salvador Malheiro, presidente da autarquia, ao mesmo tempo que garantia que irá fazer “todos os possíveis para que a demolição não seja integral”.

“Aquele imóvel faz parte da memória dos ovarenses, por isso, tentaremos preservar pelo menos a fachada”, assegurou o edil, sem deixar de ressalvar que essa intenção depende de vários factores, nomeadamente do avaliação que irá ser feita às condições do edifício, após esta intervenção de urgência. O futuro do antigo cine-teatro também dependerá do desfecho que vierem a ter as negociações entre a autarquia e os proprietários do imóvel.

A câmara municipal garante que já tinha notificado “a sociedade proprietária do edifício do Cine-Teatro, com base em relatórios da protecção civil e na sequência de vistoria realizada ao local, para a necessidade de intervenção, dentro dos termos legais, tendo sido conferido um prazo limite para a sua demolição”. Contudo, refere ainda a edilidade, “a sociedade não deu cumprimento”.

Perante esta falta de resposta e por força da derrocada anteontem registada, Salvador Malheiro decidiu avançar com o auto de posse administrativa do imóvel e preparar “uma intervenção de emergência, da iniciativa da protecção civil, atendendo à necessidade absoluta de acção imediata, a fim de garantir condições satisfatórias para a segurança pública”, destacou a autarquia, em comunicado.

“Isto não quer dizer que passemos a ser os donos do imóvel, apenas nos substituímos aos proprietários para evitar que o edifício possa ruir ainda mais, com eventuais riscos para pessoas e bens”, fez questão de explicar o líder da autarquia.

Segundo a agência Lusa, na semana passada, o PCP de Ovar já se tinha manifestado a favor de uma tomada de posição por parte da autarquia, realçando que, face a incumprimento por parte de proprietários particulares, “cabe à Câmara Municipal determinar a execução das obras de conservação necessárias à correção das más condições de segurança ou salubridade [de um imóvel] ou à melhoria do seu arranjo estético”.

Não obstante o facto de ainda não saber que finalidade poderá vir a ser dada ao cine-teatro, o presidente da autarquia não esconde o desejo de ver o imóvel recuperado, respeitando “a memória dos ovarenses que ali assistiram a vários espectáculos ou eventos marcantes”, frisou. A câmara municipal de Ovar já apresentou, “pela primeira vez na história da autarquia”, segundo é referido em comunicado, “uma proposta concreta para aquisição do imóvel aos proprietários privados, a qual aguarda resposta”. Resta, agora, esperar pelo desfecho das negociações, na certeza de que em nada deverá ajudar o facto de o cine-teatro pertencer a “uma série de donos diferentes, cada um com 1%, 2% ou 5% da propriedade”, segundo reconheceu o líder da edilidade ovarense.

A única certeza que o actual executivo canarário parece ter, para já, é que o edifício não voltará a funcionar como sala de espectáculos, atendendo a que, a poucos metros, foi construído o Centro de Arte de Ovar. “Na cidade de Ovar, não se justifica a existência de dois espaços culturais desta natureza”, é argumentado no comunicado da autarquia.

 

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