Há um grupo folk que canta "unicamente" inéditos em mirandês
Chama-se Trasga e o grande objectivo é divulgar a língua mirandesa através da música.
O grupo de música de raiz folk "Trasga" apresenta-se como o "único" do género que apresenta nos seus espectáculos um repertório "exclusivamente" preparado com "inéditos" em língua mirandesa.
"O nosso grande objectivo é o de divulgar a língua mirandesa através dos nossos originais e, ao mesmo tempo, acompanhar o que cantamos com instrumentos tradicionais que são fabricados por mim, na minha oficina", indicou à agência Lusa o mentor do projecto, Célio Pires.
O instrumentista e artesão disse que as músicas originais mirandesas são o "único elo de ligação" entre a formação inicial e a actual, já que houve "muitas mudanças" no processo evolutivo do grupo de música.
Os "Trasga" apareceram no panorama musical da Terra de Miranda como um grupo de gaiteiros apostados em preservar a tradição dos instrumentistas tradicionais da raia nordestina, na sua essência musical. Porém, a mudança de paradigma no campo da música tradicional "é notória".
A formação foi evoluindo ao longo dos últimos anos, e hoje, apresenta uma sonoridade diferente com a introdução de novos elementos e novos instrumentos musicais que "conferem à formação uma nova energia em palco, onde as canções escritas exclusivamente em mirandês conseguem arrebatar as plateias".
Os "Trasga" deixaram as tradicionais arruadas feitas pelos gaiteiros e subiram aos palcos com o intuito de divulgar a língua mirandesa um pouco por todo o país e estrangeiro. "A Espanha tem sido um país onde há um maior registo de actuações fora de portas", explicou.
"Entraram novos músicos, alguns deles com formação musical superior, e outros com conhecimentos profundos no campo da música tradicional e popular, que assenta nos sons e ritmos mirandeses", acrescentou.
Já António Garcia, um dos elementos da formação, que ao longo da sua carreira foi tocando também outros ritmos musicais, disse que este novo projecto é diferente dos outros do qual fez parte, pela "originalidade" associada à língua mirandesa.
Ricardo Santos, também um músico com formação académica, afirmou que tem "o maior prazer" em fazer parte do grupo e "pegar em temas originais, traçando-lhe linhas melódicas simples, que por vezes se confundem com outros temas já existentes no cancioneiro" tradicional.
"Cada um de nós, pelos conhecimentos musicais que tem, traz para o projecto as suas experiências e, após alguma reflexão e discussão, chegamos a conclusões que agradem a todos os elementos do grupo, explicou.
Instrumentos tão tradicionais com a gaita de fole, a sanfona, a charamela, a caixa de guerra e bombo, a flauta pastoril ou viola beiroa são alguns dos instrumentos que fazem parte da fundamentação musical da formação com raízes no concelho de Miranda do Douro.
Os "Trasga" prometem um novo disco de originais a breve prazo.