Bourne to run
Como espectáculo, Jason Bourne é bastante enfadonho, bastante monótono.
Admitamos que entre as séries que se estabeleceram, nos últimos anos, na primeira linha do cinema americano, a de Jason Bourne até deu alguns filmes razoavelmente interessantes. Ao quinto filme – que vê o regresso de Matt Damon à personagem temporariamente interpretada por Jeremy Renner no filme anterior – começa a parecer que já não há mais sumo para espremer.
Narrativamente Jason Bourne é esquálido, mais uma variação monótona sobre o agente da CIA a fugir da própria agência, assaltado por dúvidas quase psicanalíticas sobre o seu passado, que Damon sublinha exibindo um fácies permanentemente infeliz. Mas aquilo que fazia os melhores momentos da série, a imaginação de Greengrass para as cenas de acção, é que é a grande decepção: nem a utilização de “efeitos de real” (como as manifestações anti-austeridade em Atenas) compensa a enorme pobreza da “acção” de Jason Bourne, as suas sequências de gato atrás de rato e vice-versa, dadas numa montagem estilhaçada que não faz momento nenhum durar nem constrói qualquer espécie de tensão com o espaço e com o tempo. Como espectáculo é bastante enfadonho, bastante monótono, e não é a displicência com que Greengrass trata as personagens (quantas vezes é que Tommy Lee Jones já fez este mesmíssimo papel com os mesmíssimos modos?) que traz algum interesse à coisa. Que ainda por cima termina sem terminar, a preparar, género to be continued, mais um episódio. A julgar por este exemplo, não havia necessidade.