“Digam Olá a The Gouster.” É assim que a site oficial de David Bowie anuncia, desde quinta-feira, a edição próxima de um “álbum inédito” do músico, compositor e intérprete inglês desaparecido em Janeiro último.

A data do lançamento só será divulgada na próxima semana, mas sabe-se já que vai chamar-se The Gouster, ter sete canções e integrar uma caixa antológica que terá como título David Bowie – Who Can I Be Now? (1974-1976) – avança a editora Parlophone.

Para explicar o título, são transcritas declarações do produtor norte-americano Tony Visconti, que trabalhou – e também tocou – com Bowie desde a gravação do disco com o nome do músico (David Bowie, 1967) até ao terminal Blackstar (2016). “Gouster era uma palavra que não me era familiar, mas que David sabia que era um estilo de roupa usado pelos adolescentes afro-americanos nos anos 60, em Chicago”, recorda Visconti, acrescentando que, no contexto do álbum, essa palavra “significa ‘atitude’ – um gesto de orgulho e sofisticação”.

Estava-se, então, na primeira metade da década de 70: Bowie tinha-se radicado nos Estados Unidos em 1974, e foi gravar o disco Young Americans (1975) nos estúdios Sigma Sound, em Filadélfia. Compôs várias canções impregnadas da sua paixão pela música e pela cena funk e soul.

“David e eu sempre tivemos uma grande paixão pela música soul”, diz Tony Visconti. “Éramos fãs do show de televisão Soul Train. Não éramos ‘jovens, dotados e negros’ [como diz a canção de Nina Simone], mas queríamos absolutamente fazer um álbum de música soul fenomenal, que fosse também meio louco, mas outros pioneiros, como os Righteous Brothers, fizeram-no primeiro que nós”, acrescenta o produtor, citado no site do autor de The Gouster.

Algumas das canções compostas por Bowie para esse álbum sonhado acabariam por ir sendo integradas nos discos posteriores, desde logo em Young Americans – onde, além do tema-título, entraram também Right, Somebody up there likes me e Can you hear me.

Mas é o alinhamento original que agora vai ser recuperado para a caixa David Bowie – Who Can I Be Now? (1974-1976), onde The Gouster contará com sete temas, abrindo com uma versão mais longa e funky de John, I’m only dancing (again), um single que Bowie tinha composto e gravado em 1972, e que na época foi considerado demasiado ousado por evocar uma relação homossexual.

It’s gonna be me e Who can I be now? completam o alinhamento de The Gouster, que desta vez será apresentado com as suas durações originais, já sem o constrangimento do tempo que a tecnologia do vinil então impunha a cada um dos lados dos discos.