Alargamento do canal do Panamá deverá trazer mais 200 navios a Sines por ano
Porto alentejano cresceu 10,5% no primeiro semestre de 2016. Presidente da APS já admite ultrapassar as metas de movimentar 46 milhões de toneladas ate ao fim do ano
O alargamento do canal do Panamá e a inauguração do terceiro jogo de eclusas, que permite a passagem de navios de carga de maior porte naquela que é considerada uma das mais importantes ligações marítimas, vai ter um impacto directo no porto de Sines e permitir a escala de mais 200 navios por ano. “Não virão todos do Panamá, mas Sines vai poder gozar da posição geográfica privilegiada que tem”, disse ao PÚBLICO o presidente da Administração do porto de Sines (APS), João Franco.
Até ao passado dia 26 de Junho apenas os navios com capacidade até 4500 TEU (unidade de medida de referência na carga contentorizada) poderiam passar pelo canal do Panamá. A partir do alargamento passam a poder circular embarcações com 12.500 TEU de capacidade. O porto de Sines tem capacidade de receber navios até aos 19 mil TEUS e está, por isso, “mais do que preparado para receber este incremento de tráfego”. “O alargamento do canal do Panamá foi uma boa notícia para todo o comércio marítimo internacional, porque permite preços mais competitivos no transporte de mercadorias”, argumenta João Franco. O impacto no Porto de Sines já se começou a sentir, ao receber a escala de um navio da frota dos chamados mega-contentores da multinacional MSC.
Sines tem uma posição geográfica privilegiada, por ser o primeiro porto da Faixa Atlântica onde podem descarregar os navios provenientes da costa leste da América do Norte ou do Sul. O movimento de transhipment - que implica a descarga de contentores para o cais portuário e nova carga para outros navios mais pequenos – já pesa 80% da actividade do Porto de Sines, implicando o movimento de cerca de 1300 milhões de TEU. .
O objectivo de João Franco passa por incrementar os 20% que pesam o tráfego de carga destinada ao hinterland, isto é, a zona geográfica de referência que, no caso de Sines, vai até Espanha. “Os investimentos ferroviários assumem em Sines uma enorme relevância. O nosso hinterland absorve a Extremadura espanhola, e as regiões de Castilla e La Mancha. O encurtamento em 190 quilómetros da viagem ferroviária, e a possibilidade de os comboios poderem aumentar dos actuais 450 metros para 750 metros faz toda a diferença” , refere o presidente da APS. A ligação ferroviária entre Sines e Caia está definida como prioritária no Plano Estratégico de Transportes e Infra-estruturas e tem já alguns lanços concluídos. Em fase de planeamento e execução de projecto está a construção do novo lanço entre Évora e Elvas/Caia, cuja conclusão está prevista para 2020, e a entrada em exploração em 2021. O traçado definido junto a Évora tem sido alvo de alguma contestação.
O facto de o Porto de Sines ter batido sucessivos recordes mensais – e de lhe permitir fechar o primeiro semestre deste ano com uma taxa de crescimento de 10,5% - anima o presidente da Autoridade Portuária a admitir que os objectivos estabelecidos para este ano vão ser ultrapassados. “As nossas previsões apontavam para a movimentação de 46 milhões de toneladas. Já admito que esse valor vai ser ultrapassado”, afirmou.
O movimento de navios no Porto de Sines registou um novo máximo acumulado no primeiro semestre deste ano, recebendo um total de 1224 navios, a que lhe correspondeu 45.754.491 GT (gross tonnage), indicador que mede a capacidade dos navios, e que representaram crescimentos de 18,2% e 22,7% face ao primeiro semestre do ano anterior.
Nos primeiros seis meses do ano, o Porto de Sines movimentou mais de 24 milhões de toneladas: os granéis líquidos com 11,8 milhões e a carga geral com 9,5 milhões de toneladas movimentadas Na carga geral, onde se inclui a carga contentorizada, destaca-se a evolução positiva de 17,6%, em comparação com o mesmo período do ano anterior.