A reacção francesa à nomeação de Boris Johnson, o rosto mais conhecido da campanha do “Brexit”, para ministro dos Negócios Estrangeiros, foi a mais directa. Jean-Marc Auyrault chamou-lhe “mentiroso”: “Durante a campanha ele mentiu ao povo britânico e agora é ele que está encostado à parede para defender o seu país e a relação com a Europa”, comentou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Paris.

“Preciso de um parceiro de que seja credível e em quem possa confiar”, avisou Ayrault. O secretário de Estado norte-americano John Kerry aconselhou Johnson a adoptar uma abordagem “sensata” ao “Brexit. Supõe-se que teve mais tempo para se adaptar à ideia que o porta-voz do Departamento de Estado que soube da notícia ao vivo e que deixou escapar uns incontroláveis sorrisos de orelha a orelha, ao conhecer o nome escolhido.

Numa recepção na embaixada francesa em Londres, esta quinta-feira, Boris Johnson foi apupado.

Johnson apresentou um esboço da sua visão do Reino Unido como um “importante parceiro global”.  Disse que Kerry lhe pediu uma maior presença do Reino Unido no palco internacional. “Há uma grande diferença entre sair da União Europeia e as nossas relações com a Europa, que penso que se vão intensificar e reconstruir ao nível intergovernamental”, assegurou.

Mas, por ora, os media divertiram-se a recordar os insultos e desfeitas que Johnson fez a vários países e governantes ao longo da sua carreira. O Presidente dos EUA Barack Obama (de quem disse que por ser “parte queniano”, é motivado pela “ancestral antipatia ao Império Britânico”, o Presidente turco Recep Erdogan (escreveu um poema ridicularizando-o), os candidatos à presidência dos EUA (de Hillary Clinton disse em 2007 que “parece uma enfermeira sádica num hospital psiquiátrico), ou o Presidente Vladimir Putin, que comparou a Dobby, o elfo doméstico, uma personagem dos livros de Harry Potter.