O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, decidiu atribuir o pelouro da Economia ao vereador do PSD Ricardo Valente, alargando assim o leque de eleitos por diferentes forças políticas que suportam a maioria que mantém na autarquia. Licenciado em Economia, o gestor e docente universitário de 48 anos sempre assumiu, no executivo, uma voz mais próxima das políticas de Moreira do que os outros dois vereadores eleitos pela coligação social-democrata Porto Forte.

Com a delegação de competências em Ricardo Valente – o presidente mantinha esta pasta, desde a tomada de posse –, os vereadores com pelouro na Câmara do Porto passam a integrar os independentes do movimento de Rui Moreira (que incluem elementos do PSD e do CDS/PP), os socialistas Manuel Pizarro e Manuel Correia Fernandes e o social-democrata Ricardo Valente. Mantêm-se como vereadores sem pelouro Rui Loza (independente), Carla Miranda (PS) e Pedro Carvalho (CDU). Os restantes vereadores do movimento de Rui Moreira são Guilhermina Rego (vice-presidente), Filipe Araújo, Cristina Pimentel e Manuel Aranha.

Rui Moreira já mexeu mais do que uma vez no executivo, desde que assumiu a presidência da Câmara do Porto, em Outubro de 2013. A mudança mais dura e inesperada ocorreu o ano passado, quando o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, morreu de forma súbita. O presidente da câmara assumiu aquele pelouro, mantendo a equipa de Cunha e Silva.

A morte de Paulo Cunha e Silva deixou também uma vaga no executivo, o que levou Rui Moreira a chamar o nome que se seguia na sua lista, Manuel Aranha (CDS/PP), a quem atribuiu um pelouro criado na altura, com a designação de Comércio e Turismo.

A câmara, que anunciou a entrada de Ricardo Valente para o pelouro da Economia em comunicado, não apresentou qualquer justificação para o momento escolhido para a mudança, a cerca de um ano do próximo ciclo autárquico. O presidente da câmara mantém sob a sua alçada os pelouros do Desporto, Lazer e Turismo, além do da Cultura.

Actualmente, o executivo não conta também com Manuel Sampaio Pimentel (CDS/PP), eleito pela lista de Rui Moreira, que pela segunda vez pediu a suspensão de mandato. O vereador deverá estar ausente por 120 dias, estando a ser substituído por Rui Loza.

À medida que se aproximam as eleições autárquicas crescem as dúvidas e multiplicam-se as hipóteses sobre que partidos vão apoiar a candidatura de Rui Moreira. O autarca tem repetido que não será candidato por nenhum partido, mas que todos os apoios são bem-vindos. Com a CDU e o Bloco de Esquerda fora desta equação, e o CDS-PP a manter o apoio dado já nas últimas eleições, permanecem as dúvidas sobre se o PS e o PSD poderão também abdicar de ter um candidato próprio – uma hipótese que, até agora, parecia mais provável no caso dos socialistas, que já têm um acordo de governação com Rui Moreira, garantindo, assim, uma maioria no executivo.

Ricardo Valente é gestor de empresas, professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto e na Porto Business School. É mestre em Finanças e co-autor de livros na área da gestão de risco.

"Neste caminho, cabe o Porto todo", escreveu ontem Rui Moreira na sua página no Facebook.