Marcelo: Durão Barroso atingiu "o topo da vida empresarial"
As reacções ao ingresso de Durão na Goldman Sachs não se fizeram esperar, com a esquerda a criticar, a direita remetida ao silêncio e o Presidente da República a elogiar. O Presidente da República considerou que Durão Barroso atingiu "o topo da vida empresarial" ao ser nomeado presidente não executivo da Goldman Sachs International (GSI) e disse gostar "de ver portugueses reconhecidos em lugar cimeiros".
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final da cerimónia de inauguração do Auditório Machado Macedo, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova Lisboa. "No caso do doutor Durão Barroso, trata-se de atingir o topo da vida empresarial. E o topo da vida empresarial tem muito mérito, como tem o atingir o topo na ciência, na universidade, na cultura, nas artes. Portanto, deve ser naturalmente reconhecido", declarou.
Questionado sobre as críticas a esta nomeação do antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia para um cargo num dos maiores grupos financeiros mundiais, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Isso já não compete ao Presidente da República avaliar."
"O Presidente da República gosta de ver portugueses reconhecidos em lugares cimeiros dos vários domínios da actividade profissional, cívica, cultural. E temos de admitir que é um lugar de topo na vida empresarial mundial. Não tenho mais nada a comentar", acrescentou.
O Bloco de Esquerda tem uma opinião completamente diferente: “Termos um ex-presidente da Comissão Europeia a assumir o lugar de chairman [da Goldman Sachs] significa, na prática, que não há vergonha na elite europeia da qual Durão Barroso faz parte”, defendeu Pedro Filipe Soares, líder parlamentar.
Pelo PS, falou o eurodeputado Carlos Zorrinho que aponta um “padrão”, que já se viu “recentemente com a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que não honra o cargo anteriormente desempenhado e que é relativamente preocupante em termos de transparência democrática”.
João Ferreira, eurodeputado do PCP, diz, também à TSF, que este caso “confirma a enorme proximidade — e promiscuidade, mesmo — que existe entre as instituições da União Europeia e o grande capital financeiro”.