Andar de bicicleta, autocarro e estacionar vai ser mais fácil em Cascais

A autarquia apresentou esta quarta-feira um plano de mobilidade que coloca mais autocarros, lugares de estacionamento e bicicletas partilhadas ao dispôr da população.

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Cascais e Estoril são os primeiros a receber o novo plano de mobilidade Pedro Cunha

Ligar as pessoas à cidade e a cidade entre as pessoas foi a inspiração que levou a Câmara Municipal de Cascais a avançar com um investimento num plano de mobilidade, que se distingue pela sua vertente intermodal, integrando em rede vários tipos de transporte. O projecto, apresentado esta quarta-feira no Centro de Congressos do Estoril deverá chegar às ruas da cidade de Cascais já em Setembro deste ano e será, sucessivamente, alargado ao concelho. Em Dezembro de 2017 a autarquia espera ter o projecto a funcionar em plenitude, contando dispor, nessa data, de 1200 bicicletas, normais e eléctricas, 150 lugares de estacionamento e dois mil suportes de estacionamento para as bicicletas.

Para a aplicação deste novo plano de mobilidade foram criadas novas rotas para o transporte público, que ligarão as áreas de estacionamento de carros e de bicicletas e os terminais de autocarros e comboios. A ideia é “criar mais mobilidade sustentável, com ganhos de eficiência para os utilizadores e para o ambiente”, explica a autarquia. O “Mobi Cascais”, desenvolvido pelo Centro de Engenharia e Investigação da Indústria Automóvel (CEIIA), fará a sua estreia em Cascais e no Estoril, onde serão disponibilizadas 217 bicicletas, 102 suportes e 13 lugares de estacionamento.

Perante uma sala cheia, o vice-presidente da câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, assumiu a responsabilidade da demonstração do projecto e pegou – literalmente - no guiador. Ao som do genérico de uma série espanhola que marcou os anos 80, Verão Azul, o autarca exemplificou como funcionava o sistema de aluguer das bicicletas e, depois de a desbloquear com um cartão - “porque temos de pensar em alternativas para aqueles que não têm um smartphone”, explicou -  Miguel Pinto Luz subiu para uma das bicicletas eléctricas que serão colocadas em circulação e percorreu uma ciclovia improvisada, contornando a audiência presente no interior do Centro de Congressos do Estoril.

Um dos destaques do plano é a sua forte componente tecnológica. As bicicletas, utilizadas pelo programa de mobilidade, têm tecnologia portuguesa e são construídas em território nacional. Entre as suas funções, as bicicletas irão, por exemplo, recolher e transmitir dados sobre o estado dos pavimentos através dos sensores colocados nos acelerómetros. Além disso, possuem um sistema de localização. O sistema disponibiliza ainda uma aplicação para o telemóvel que permite consultar o número de bicicletas e estacionamentos disponíveis e até efectuar a sua reserva.

Quem dispensar estas bicicletas poderá usufruir à mesma da rede, uma vez que as docas de estacionamento são universais. “A integração é absolutamente fundamental”, destacou o vice-presidente. Miguel Pinto Luz considera ainda que “não é legítimo” que os municípios não comuniquem. “Os sistemas devem estar integrados. Devo conseguir utilizar uma bicicleta de Cascais e a seguir poder utilizar o sistema em Lisboa, como uma espécie de roaming das bicicletas”, defendeu.

“É bom que Portugal, que tem uma quota de viagens feitas em bicicleta inferiores a 1% possa começar a convergir para a média europeia, que é de 7%”, comentou o secretário de Estado do Ambiente, José Mendes, presente na apresentação. “Os projectos de mobilidade competem aos municípios. Aquilo que o Governo procura fazer é disponibilizar linhas de financiamento para o efeito, como acontece com os Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano (PEDUS), apoiados pelo programa Portugal 2020”, acrescenta.“O plano [de Cascais] parece-me muito inovador, mesmo a nível internacional”, avaliou.

Quem também não poupou elogios à iniciativa foi José Manuel Caetano, fundador e presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta. José Manuel Caetano vinha “preparado para bater na Câmara”, mas o novo programa de mobilidade, que aumenta em 50 quilómetros o trajecto de ciclovias (de 20 quilómetros para 70 quilómetros) demoveu-o. O fundador da Federação Portuguesa de Cicloturismo mostrou-se de tal forma positivamente surpreendido que garantiu que a federação iria distinguir a autarquia de Cascais com um prémio.

Outra das novidades deste plano é a aposta em autocarros só para surfistas - o Surfbus - e preparado para vários tipos de pranchas e equipamentos e que irá percorrer a linha de costa entre Carcavelos e o Guincho.

Os preços de utilização vão desde os três euros por mês para o parqueamento das bicicletas, os dez euros por mês para a utilização das bicicletas e sobem para 12,5 euros quando combinam o uso de bicicletas e autocarros e para 20 euros quando lhe é acrescentado o estacionamento automóvel, em locais especificamente definidos.

Segundo Miguel Pinto Luz, o investimento da autarquia é "praticamente nulo" e resulta de uma parceria com a empresa JCDecaux e nas receitas do alargamento do estacionamento pago na cidade. Para já o projecto está desenhado para os residentes, “mas a seu tempo” será alargado a turistas e a quem visita a cidade, afirmou o vice-presidente.

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