China antecipa decisão em Haia e anuncia exercícios militares no Mar do Sul
As tensões aumentam à medida que se aproxima a deliberação sobre uma queixa apresentada pelas Filipinas. Pequim sugere negociações caso Manila ignore o julgamento.
Pequim anunciou exercícios militares nas águas contestadas do Mar do Sul da China para os dias que antecedem a decisão do Tribunal de Haia sobre a legitimidade das reivindicações territoriais chinesas, esperada para a próxima terça-feira, dia 12.
A China não reconhece soberania ao tribunal internacional sobre este tema, que tem por base uma queixa interposta pelas Filipinas em 2013 e pode ter impacto na questão mais vasta das águas disputadas por vários países nesta zona de grande movimentação comercial. Filipinas, Malásia, Brunei, Vietname e Taiwan têm interesses que colidem com os da China.
Os exercícios anunciados começam já hoje e prolongam-se até 11 de Julho, nas ilhas Paracel, um conjunto de formações rochosas e corais disputadas também pelo Vietname e onde a China instalou recentemente um sistema de mísseis antiaéreos.
A Ásia mergulhou de cabeça num mar traiçoeiro
Mas as tensões aumentam também em terra. Nesta segunda-feira, o jornal China Daily — da linha oficial do Governo — noticiou que Pequim está disposta a negociar com as Filipinas caso estas ignorem a deliberação do próximo dia 12.
“Manila deve pôr de lado o resultado do arbítrio numa aproximação substantiva”, disse uma das fontes anónimas citadas pelo jornal, que refere também que as negociações podem resultar em “cooperação e desenvolvimento conjunto em matérias de investigação científica”.
As disputas no Mar do Sul da China criam um clima de conflito latente dos Estados Unidos com Pequim. Pequim aumentou patrulhas, construiu novas instalações aéreas e sistemas de defesa. Os Estados Unidos, por outro lado,que dizem opor-se a quaisquer restrições à liberdade de navegação e reivindicações de soberania ilegítimas, feitas por qualquer dos lados, têm interesses estratégicos na Ásia. Por várias vezes, navios e aviões americanos e chineses têm chegado demasiado perto uns dos outros, ameaçando um conflito de consequências globais.