Nolito: da origem humilde ao milionário City
Jogador espanhol não tem tido um percurso fácil: já teve, mais de uma vez, de descer na carreira para voltar a subir.
Nolito foi anunciado esta sexta-feira como reforço do Manchester City para as próximas quatro temporadas. Das origens humildes na pequena cidade de Sanlúcar de Barrameda, na Andaluzia, o jogador chega agora a um dos clubes mais ricos do mundo.
O percurso, esse, foi trilhado com mérito, mas Nolito não deixa de ter uma carreira peculiar, uma espécie de montanha russa entre grandes clubes europeus e equipas com pouca expressão. Não tem sido, por assim dizer, uma carreira sempre em ascensão, como no caso de outros talentos espanhóis. Tem sido, sim, um percurso de constantes avanços e recuos. Depois de toda a formação feita no clube da terra, teve oportunidade de completá-la nos juniores do Valência. Tinha aí a oportunidade de entrar pela porta grande no futebol sénior mas, ao contrário de David Silva, que fazia parte da mesma equipa e que singrou em Valência antes de ir para Manchester, Nolito não teve muitas oportunidades para jogar e foi dispensado.
Foi o primeiro passo atrás: o extremo voltou à terra e foi no Atlético Sanluqueño que iniciou a carreira sénior. Num meio pequeno destacava-se e foi aí que chamou a atenção do Écija Balompié, um clube também da Andaluzia, mas que já disputava a II Divisão B, o terceiro escalão do futebol espanhol. Nas duas épocas que ali esteve foi indiscutível, com destaque para a segunda, em que pela primeira vez mostrou a apetência pelo golo que hoje lhe é reconhecida. Marcou 13 em 40 jogos e foi a figura do primeiro lugar do Écija na sua série, de tal modo que acabaria contratado pelo Barcelona por 200 mil euros.
O sonho Barcelona: a equipa B, a principal e o sair para jogar
À chegada à Catalunha e a um dos melhores clubes do mundo, não escondia a felicidade: “Desde pequeno que sou do Barcelona e hoje vi um sonho tornar-se realidade. Nunca pensei algum dia assinar por este clube. Vou dar o máximo nesta nova etapa”. Mas a nova etapa que o gigante catalão tinha reservado para Nolito era a equipa B, onde o jogador passou três épocas, com níveis elevadíssimos na segunda e terceira: 40 jogos e 12 golos em 2009/2010 e 38 jogos e 13 golos em 2010/2011.
Pep Guardiola era o treinador da equipa principal e chamou-o para cinco jogos nesse seu terceiro ano de Barcelona. Nolito cumpria finalmente o seu sonho mas cedo acordou: completamente tapado pelo trio Messi, Villa e Pedro Rodríguez, e ainda atrás de jovens como Cuenca ou Tello na hierarquia, o extremo percebeu que pouco ou nada ia jogar se ficasse no Camp Nou e foi aí que surgiu o Benfica.
De fundamental a dispensado na Luz e o descer na carreira
Nolito chegou à Luz em 2011/2012 e teve um arranque de época fantástico: assumiu-se como titular e marcou quatro golos nas cinco primeiras jornadas. No total da temporada foram 48 jogos e 15 golos. “O Barcelona é grande mas o Benfica também é. Nada fica a dever ao Barça”, afirmava. Mas na sua segunda época tudo mudou: o Benfica juntava Salvio a Gaitán e os argentinos jogavam sempre ou quase sempre, pelo que Jorge Jesus passou a olhar para Nolito como dispensável.
O jogador viria a sair em Janeiro para o Granada, que lutava pela manutenção em Espanha. Ainda foi a tempo de fazer 17 jogos e de marcar três golos e o Granada salvou-se. Pouco condizente com sua ambição e qualidade, Nolito deixou o Granada para trás mas o melhor que conseguiu arranjar foi o Celta de Vigo, também acabado de se salvar à justa da descida de divisão.
O relançar da carreira, a selecção e o regresso à elite
Apesar de uma desconfiança inicial, Nolito foi fundamental para o Celta e o Celta para o relançar da carreira de Nolito. Em três épocas fez 103 jogos e marcou 39 golos, marcando sempre mais que 10 por época. As suas exibições em Vigo abriram-lhe as portas da selecção espanhola, na qual se estreou em 2014 e logo num particular contra a Alemanha. No Euro 2016 foi titular nos quatro jogos da “roja”.
Impressionante no Celta, Nolito voltou ao radar dos grandes clubes europeus. Há um ano começou a falar-se de um possível regresso ao Barcelona, onde reencontraria Luis Enrique, seu treinador na equipa B dos catalães. O regresso à Catalunha chegou a parecer praticamente certo. Inclusivamente, o jogador chegou a dizer: “Seja que equipa for que esteja interessada em mim, ou vou para o Barcelona ou fico no Celta”. Acabou por não ser assim. A possibilidade de voltar a trabalhar com Guardiola e os milhões do City fizeram o jogador mudar de ideias. Depois de Barcelona e Benfica, eis Nolito de regresso à alta roda europeia, quase aos 30 anos. “É um grande momento da minha carreira”, resumiu, no primeiro dia da nova aventura.