Moçambicano Félix Mula é o vencedor do prémio Novo Banco Photo 2016

Exposições dos três finalistas podem ser vistas no Museu Colecção Berardo até ao dia 2 de Outubro.

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Idas e Voltas, 2016 Félix Mula (Cortesia do artista e Museu Coleção Berardo)
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Idas e Voltas, 2016 Félix Mula (Cortesia do artista e Museu Coleção Berardo)
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Idas e Voltas, 2016 Félix Mula (Cortesia do artista e Museu Coleção Berardo)
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Idas e Voltas, 2016 Félix Mula (Cortesia do artista e Museu Coleção Berardo)
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Idas e Voltas, 2016 Félix Mula (Cortesia do artista e Museu Coleção Berardo)

O artista moçambicano Félix Mula ganhou o Novo Banco Photo 2016, o maior prémio português de arte contemporânea, que tem um valor pecuniário de 40 mil euros e que este ano passou a incluir apenas criadores nacionais e de países africanos de língua oficial portuguesa. Para além de Mula, estavam nomeadas as artistas Mónica de Miranda (Angola/Portugal) e Pauliana Valente Pimentel (Portugal).

O anúncio foi feito nesta quinta-feira no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, onde até 2 de Outubro se podem visitar as exposições que os três finalistas conceberam propositadamente para a fase final do prémio. Na linha dos seus trabalhos anteriores, Félix Mula apresentou trabalhos fotográficos e uma instalação que ora se relacionam com a sua experiência pessoal mais singular, ora convocam a experiência colectiva e a sua relação com os espaços herdados do colonialismo, como as “cantinas” (lojas rurais), onde se vendia um pouco de tudo. Na condição de regressado ao seu país vindo da Ilha da Reunião, Mula mostra o estado de abandono e de semi-adormecimento a que muitos das construções coloniais foram votadas. Para tentar compreender a relevância e o significado que hoje tem este legado, o artista procurou testemunhos orais de quem viveu perto desses edifícios (“gosto mais de ouvir do que registar”), trabalho cujo resultado pode ser apenas uma frase com informações imprecisas ou incompletas. Nada que preocupe Félix Mula, que gosta do atrito entre realidade e ficção, da incerteza e das “diferentes versões da mesma história”.

Neste trabalho de Mula, o parque edificado colonial cruza-se ainda com as memórias de quem o utilizou e foi obrigado a abandoná-lo, como foi o caso da família Lee que, depois da independência de Moçambique, escolheu Portugal como destino, sem qualquer relação directa com o país, a não ser a nacionalidade estampada num passaporte.

Fizeram parte do júri de premiação Élise Atangana (França/Camarões), curadora e produtora, David Claerbout (Bélgica), artista, e Yves Chatap (França/Camarões), curador e editor. Este grupo entendeu privilegiar “o trabalho, cuja proposta, mais se centrasse no domínio do fotográfico, atendendo à natureza do prémio, que tem a fotografia na sua origem”. A decisão, tomada por unanimidade, sublinha ainda “a singularidade estética” do trabalho de Félix Mula, que permite “vislumbrar um importante caminho para uma relevante entendimento da prática fotográfica”.

Félix Mula nasceu em Maputo, em 1979. Começou a fotografar com o pai, fotógrafo de estúdio, aos 13 anos. Frequentou a Escola Nacional de Artes Visuais e o Centro de Documentação e Formação Fotográfica, em Maputo, antes de ingressar na Escola Superior de Artes da Ilha da Reunião. É artista plástico e também professor, desde 2012, no Instituto Superior de Artes e Cultura, na capital moçambicana. Participou em múltiplas exposições e residências artísticas em Moçambique e no estrangeiro.

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