Souto de Moura entre os oito finalistas que vão fazer projecto para o Museu do Prado
A ampliação deverá ficar pronta em 2019, quando o Prado fizer 200 anos.
O arquitecto português Eduardo Souto de Moura está entre os oito finalistas que vão apresentar um estudo prévio, até finais de Outubro, para reabilitar o Salão dos Reinos do Museu do Prado, anunciou esta segunda-feira a instituição de Madrid.
As oito equipas foram seleccionadas entre 47 concorrentes de um concurso internacional de arquitectura lançado pelo Prado, numa escolha feita através de currículo, em que eram valorizados os prémios recebidos e os projectos para museus e reabilitações de espaços museológicos. Por isso, entre os nomes internacionais escolhidos pelo júri desta segunda fase do concurso, o jornal El País destacou os três arquitectos que receberam o Pritzker, o prémio de carreira mais importante com que um profissional da área pode ser distinguido, e ao lado de Souto de Moura estavam “estrelas da arquitectura” como Norman Foster e Rem Koolhaas. A lista dos outros finalistas inclui os ateliers Cruz y Ortis, Nieto Sobejano, David Chipperfield, Gluckman Tang e Garcés De Seta Bonet.
O edifício do Salão dos Reinos, onde até 2005 esteve instalado o Museu do Exército, vai acrescentar ao Prado 2500 metros quadrados de espaço expositivo. O Salão dos Reinos faz parte do Palácio Real do Bom Retiro, construído na primeira metade do século XVII para segunda residência de rei Felipe IV (Filipe III de Portugal), e deve o nome aos 24 reinos da monarquia espanhola cujos escudos foram pintados aqui, entre os quais o do reino de Portugal. Juntamente com o Casarão do Bom Retiro, este é, além dos jardins, o único espaço que sobrevive do palácio, destruído durante as Invasões Francesas.
O complexo do Prado, além dos dois edifícios do Bom Retiro, é formado pelo edifício histórico de Villanueva e pelo claustro dos Jerónimos, à volta do qual se organizou a ampliação assinada pelo arquitecto espanhol Rafael Moneo, outro Pritzker, e terminada em 2007.
O novo concurso quer dotar o Museu do Prado de “um espaço alternativo de exposição, de grande qualidade, para a apresentação de aspectos destacados da sua colecção”, diz o comunicado do museu, “e para o desenvolvimento de um programa específico de exposições sobre temas fundamentais da história e do património histórico espanhol”.
A ampliação deverá ficar pronta em 2019, quando o Prado fizer 200 anos, e tem, para já, um custo estimado de 30 milhões de euros, segundo o jornal espanhol. Do júri internacional, fazem parte o arquitecto espanhol Rafael Moneo e o crítico Luis Fernández-Galiano, entre muitos outros.
Eduardo Souto de Moura, autor de obras como o Estádio de Braga ou a Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, tem ainda no seu currículo, no capítulo dos museus, a remodelação e ampliação de Museu Grão Vasco, em Viseu, o Museu Nacional dos Transportes, no Porto, e o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança. O arquitecto apresenta-se a este concurso em Espanha, onde, em nome individual, tem apenas construída uma moradia em Llabiá (além de um conjunto de torres em co-autoria em Barcelona, com os espanhóis Juan Miguel Hernández León e Carlos de Riaño Lozano).
Entre os finalistas espanhóis ao novo concurso do Prado está o atelier Cruz y Ortiz, fundado em 1974 por Antonio Cruz e Abtonio Ortíz, em Sevilha, e que foi responsável pela recente remodelação do Rijksmuseum, em Amesterdão; o atelier Nieto Sobejano, dos arquitectos Fuensanta Nieto e Enrique Sobejano, que tem uma série de trabalhos internacionais na área dos museus e é autor do Mercado Temporário de Barcelona; e o atelier Garcés de Seta Bonet, que junta desde 2011 Jordi Garcés, Daria de Seta e Anna Bonet, e que tem também vários projectos museológicos, entre os quais a ampliação do Museu Picasso, em Barcelona. Há igualmente vários ateliers espanhóis associados temporariamente aos ateliers estrangeiros, como no caso de Souto de Moura, o que é normal acontecer nos concursos de arquitectura internacionais.
Os arquitectos ingleses David Chipperfield e Norman Foster intervieram, respectivamente, no Neues Museum de Berlim e no Museu Britânico de Londres, para citar algumas das renovações mais mediáticas dos últimos anos. Rem Koolhaas fez recentemente o Museu Garage, em Moscovo, e o Museu Nacional de Belas-Artes do Quebeque, no Canadá, além do Kunsthal, em Roterdão, um dos seus primeiros projectos a serem contruídos. O atelier norte-americano Gluckman Tang, que junta os arquitectos Richard J. Gluckman e Dana Tang, assinou a renovação do Museu Picasso, de Málaga.