Principais bancos centrais reúnem-se em Sintra na ressaca do "Brexit"

Mario Draghi (BCE), Janet Yellen (Fed) e Mark Carney (Banco de Inglaterra) vão estar no fórum anual que se realiza na Penha Longa.

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Fórum anual do BCE realiza-se em Sintra desde 2014 Reuters/Kai Pfaffenbach

Na próxima semana, com os mercados ainda dominados pela incerteza causada pelo resultado do referendo que dita a saída do Reino Unido da União Europeia, os principais banqueiros centrais têm um ponto geográfico na sua agenda: a Quinta da Penha Longa, em Sintra. É aqui que irá decorrer, entre segunda e quarta-feira, o fórum anual do Banco Central Europeu (BCE). As taxas de juro perto do zero, a recuperação lenta, a independência dos bancos centrais e os desafios ao nível macroeconómico e monetário já eram os temas dominantes, mas o “Brexit” veio dar-lhes todo um novo enquadramento.

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Na próxima semana, com os mercados ainda dominados pela incerteza causada pelo resultado do referendo que dita a saída do Reino Unido da União Europeia, os principais banqueiros centrais têm um ponto geográfico na sua agenda: a Quinta da Penha Longa, em Sintra. É aqui que irá decorrer, entre segunda e quarta-feira, o fórum anual do Banco Central Europeu (BCE). As taxas de juro perto do zero, a recuperação lenta, a independência dos bancos centrais e os desafios ao nível macroeconómico e monetário já eram os temas dominantes, mas o “Brexit” veio dar-lhes todo um novo enquadramento.

Especialistas de todo o mundo irão estar na audiência e nos diversos painéis temáticos, mas o mais importante será o do último dia, que reunirá Mario Draghi, presidente do BCE, Janet Yellen, presidente da Reserva Federal norte-americana, e Mark Carney, governador do Banco de Inglaterra. A condução da conversa está nas mãos de Jean-Claude Trichet, o antecessor de Draghi no BCE. Mais completo do que isto só mesmo com a presença dos responsáveis pelos bancos centrais do Japão e da China. O FMI também estará representado no evento, através do seu economista-chefe, Maurice Obstfeld.

Na passada sexta-feira de manhã, numa das primeiras intervenções oficiais após o resultado do referendo, Mark Carney assegurou que o Banco de Inglaterra “não hesitará em tomar acções adicionais” de modo a que os mercados se ajustem e a economia britânica cresça. E que, caso seja necessário,  tem um envelope de 250 mil milhões de libras (cerca de 326 mil milhões de euros) pronto a ser usado, além de um volume “substancial” de moeda estrangeira. Isto para dar resposta “a qualquer volatilidade de curto prazo nos mercados”.

Analistas internacionais citados pela Bloomberg antecipam agora que Carney vai proceder em Julho a um corte da taxa de juro referência para 0% (tem estado no mínimo histórico de 0,5%), e alargue em Agosto o programa de compra de activos em 50 mil milhões de libras.

Horas depois de Carney ter feito a sua intervenção, foi a vez de o BCE reagir, adiantando que está em contacto com outros bancos centrais e “pronto para garantir liquidez adicional”.

Por parte do BCE, será agora importante perceber o que pensa Draghi, num novo contexto de incerteza que arrisca arrefecer o fraco crescimento da zona euro e quando a inflação teima em estar bastante abaixo dos objectivos do banco central (abaixo mas perto dos 2%). Nas suas previsões mais recentes, o BCE apontava para um crescimento de 1,6% este ano e 1,7% em 2017, estimativas que poderão ser revistas em baixa (a próxima reunião de política monetária está agendada para 21 de Julho).

Já por parte da Reserva Federal norte-americana, Janet Yellen tinha decidido este mês esperar pelo resultado do referendo britânico (e por novos dados do mercado de trabalho) antes de decidir uma nova subida das taxas, mas manteve no ar a expectativa de que podia ainda haver duas subidas durante este ano (actualmente no intervalo situado entre os 0,25% e os 0,50%). Isto depois de, em Dezembro do ano passado, quando avançou com a primeira subida de taxas de juro dos últimos nove anos, ter dado sinais de planeava quatro subidas das taxas durante 2016.