Vencedores e derrotados do "Brexit"
David Cameron, Jeremy Corbyn e George Osborne perderam para Boris Johnson, Nigel Farage, Michael Gove e Nicola Sturgeon.
Vencidos
David Cameron. O resultado do referendo marcou o seu fim político. O primeiro-ministro anunciou a sua demissão logo a seguir ao desaire do referendo, depois de não ter conseguido convencer os eleitores sobre os benefícios de permanecer na UE. Partirá depois de o Partido Conservador designar um sucessor no congresso do partido, no início de Outubro. Foi ele quem, em 2013, prometeu organizar um referendo para tentar acalmar a ala eurocéptica do seu Partido Conservador e da escalada na popularidade do partido eurocéptico UKIP.
Jeremy Corbyn. O líder trabalhista, que representa a ala mais à esquerda do partido e é uma figura contestada dentro do seu próprio campo, manteve-se durante muito tempo silencioso. Acabou, nos últimos dias da campanha, por finalmente pedir aos britânicos que votassem na permanência. Foi muito criticado pela sua falta de empenho na campanha e está exposto aos que querem mudanças no Partido Trabalhista.
George Osborne. O ministro das Finanças suou durante esta campanha, multiplicando as intervenções alarmistas sobre a consequência de um "Brexit" e não hesitando em tratar os seus militantes como "ignorantes económicos". Chegou a ser o favorito para suceder a David Cameron, de quem é amigo e aliado, mas já perdeu esse lugar.
Vencedores
Boris Johnson. O ex-presidente da câmara de Londres chefiou a campanha pelo "Brexit" e incitou os britânicos a "recuperarem o controlo". Sem medo de polémicas, multiplicou as frases choque. Em Maio, disse que Bruxelas se comportava como Adolf Hitler por pretender criar um super-Estado. A estratégia resultou e é o favorito para ocupar o lugar que David Cameron deixa vago.
Nigel Farage. Para este eurofóbico, é o culminar de uma carreira consagrada a denegrir as instituições europeias, ele que é eurodeputado. O líder do partido anti-imigração UKIP alcançou o objectivo da sua vida. Personagem controversa, nomeadamente pelas suas posições sobre a imigração, esforçou-se ao máximo numa campanha em que chegou a organizar uma "armada" de barcos de pesca que subiu o Tamisa até ao Parlamento de Westminster. Foi em parte a vitória do seu partido nas eleições europeias que incitou David Cameron a convocar um referendo.
Michael Gove. O ministro da Justiça, amigo de Cameron, não hesitou em afastar-se do primeiro-ministro para ficar do lado do "Brexit". Convidado para muitos debates, ocupa a função de braço direito de Boris Johnson – aspira a ter maiores responsabilidades no futuro governo.
Nicola Sturgeon. A primeira-ministra escocesa, do Partido Nacionalista Escocês, repetiu que um "Brexit" pode justificar um novo referendo sobre a independência da Escócia, uma vez que o seu partido é contra o "Brexit". No referendo de 2014, o não à independência perdeu.
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