Banco de Inglaterra pronto para injecção de liquidez de 326 mil milhões
Mark Carney diz que o banco central “não hesitará em tomar acções adicionais”. BCE afirma que está preparado para ceder liquidez de emergência.
Uma das primeiras intervenções após o resultado do referendo no Reino Unido foi protagonizada pelo Governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, e não por acaso. Uma das principais incógnitas é o efeito da votação na economia britânica, mas também na europeia e mundial.
Sublinhando que tem acompanhado de perto os acontecimentos, a par com o Governo, Carney demorou poucos minutos até afirmar que a instituição “não hesitará em tomar acções adicionais” de modo a que os mercados se ajustem e a economia britânica cresça. De acordo com o governador do banco central, o sector financeiro tem sido reforçado nos últimos anos, tem liquidez e está “resiliente”.
Mesmo assim, Carney avançou que tem preparado, para apoio ao funcionamento dos mercados, um envelope de 250 mil milhões de libras pronto a ser usado (cerca de 326 mil milhões de euros), e que está também preparado para libertar um volume “substancial” de moeda estrangeira.
A instituição vai continuar a avaliar nas próximas semanas a evolução da situação e analisar a implementação de novas medidas, mas o governador do Banco de Inglaterra está optimista e diz que estes envelopes de liquidez vão permitir dar resposta “a qualquer volatilidade de curto prazo nos mercados”.
Depois da declaração do Governador do Banco de Inglaterra, foi a vez do Banco Central Europeu (BCE) garantir que está atento à evolução dos mercados e pronto para agir.
Num comunicado divulgado esta manhã, a instituição liderada por Mario Draghi adiantou que está em contacto com outros bancos centrais e “pronto para garantir liquidez adicional, em euros e moedas estrangeiras, se necessário”.
“O BCE preparou-se para esta contingência em contacto próximo com os bancos que supervisiona e acredita que o sistema bancário da zona euro é resiliente em termos de capital e liquidez”, refere o comunicado.
“Inevitavelmente, haverá um período de incerteza e ajustamento” depois deste resultado, assumiu, por seu turno, o Governador do Banco de Inglaterra. E levará o seu tempo “até que o Reino Unido estabeleça novas relações com a Europa e o resto do mundo”, afirmou Carey.
Pouco depois de ser conhecido o resultado do referendo – que já levou o primeiro-ministro britânico, David Cameron, a anunciar a demissão – o valor da libra afundou para valores de 30 anos, com desvalorizações acentuadas face ao euro e ao dólar.
O sector financeiro está a ser um dos mais afectados nesta manhã. No início da negociação na bolsa de Londres, gigantes como o Barclays e o Royal Bank of Scotland estavam a perder cerca de 30%.
Carney garantiu que o Banco irá manter um diálogo estreito com as instituições britânicas e internacionais para garantir que o sistema financeiro britânico conseguirá absorver o choque e “concentrar-se no financiamento à economia real”.
FMI atento
“Apelamos às autoridades do Reino Unido e da Europa para trabalharem de forma colaborante de modo a assegurar uma transição suave para a nova relação económica entre o Reino Unido e a União Europeia”, nomeadamente através “da clarificação dos procedimentos e principais objectivos” que irão conduzir o processo de saída, afirmou esta tarde a directora-geral do FMI, Christine Lagarde.
Sobre a actuação dos bancos centrais, Lagarde vincou o apoio do FMI a acções do BCE e do Banco de Inglaterra para injectar liquidez no sistema financeiro e diminuir o excesso de volatilidade nos mercados. “Vamos continuar a acompanhar de perto os desenvolvimentos e estamos prontos para apoiar os nossos membros como for necessário”, concluiu a responsável do Fundo.