Marcelo gastou 179 mil euros para ganhar as presidenciais

Sampaio da Nóvoa foi quem mais gastou e quem mais recebeu do Estado. Marisa Matias também recebeu mais que Marcelo. Mas Marcelo foi o vencedor, apesar de ter gasto um décimo do que gastou Cavaco Silva em 2011.

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Marcelo Rebelo de Sousa na noite das eleições Miguel Manso

Marcelo Rebelo de Sousa prometeu uma campanha poupada, disse que não queria donativos e que o dinheiro que tinha para gastar era seu, de empréstimos dos irmãos e do que viesse a receber de subvenção do Estado pela campanha. A volta ao país acabou por lhe sair por 179 mil euros, um dos valores mais baixos de todos os candidatos, mas mesmo assim 22 mil euros acima do que tinha previsto. Além disso, dos três candidatos que receberam dinheiro do Estado, foi o que menos recebeu.

De acordo com as contas das campanhas presidenciais, que foram esta quarta-feira publicadas pelo Tribunal Constitucional, o Presidente da República gastou menos que cinco dos dez candidatos. Quem mais gastou foi Sampaio da Nóvoa (924,7 mil euros), Edgar Silva (581 mil euros), Maria de Belém (541 mil euros), Marisa Matias (303 mil euros) e Henrique Neto (248,7 mil euros). Na parte de baixo da tabela de gastos surgem também os candidatos menos votados: Paulo Morais (59,5 mil euros), Cândido Ferreira (28,7 mil euros), Vitorino Silva (8,1 mil euros) e Jorge Sequeira (seis mil euros).

Mas esta contabilidade não é assim tão linear. É que tendo em conta os resultados eleitorais, apenas Marcelo Rebelo de Sousa, Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias têm direito a receber subvenção pela campanha. No caso de Marcelo, recebe do Estado 165 mil euros, uma vez que não pode receber mais do que gastou e tinha outros contributos. Sampaio da Nóvoa tem direito a 897 mil euros, uma vez que gastou mais em campanha, e Marisa Matias recebe 290 mil euros, pela mesma razão. Curioso é que desta vez, o candidato vencedor não só foi o que menos recebeu do Estado (uma vez que a campanha não pode ter lucro), mas também dos melhores classificados o que gastou menos.

Os dados da campanha permitem verificar também que desta vez quase todos os candidatos gastaram menos do que tinham orçamentado. Em alguns casos, gastaram até muito menos do que tinham previsto, com excepção de Marcelo (gastou mais 22 mil euros) e Sampaio da Nóvoa (gastou mais 182,5 mil euros). Mas apesar de terem gasto mais, não têm agora problemas em saldar as contas. O que recebem de subvenção e o equilíbrio entre receitas e despesas permite-lhes não ter problemas.

O mesmo não acontece com Maria de Belém. A candidata até gastou menos do que tinha orçamentado (tinha previsto 650 mil e ficou-se pelos 541 mil euros), mas não pode contar com o dinheiro de subvenção estatal, uma vez que a percentagem de votos que teve não foi suficiente para ter direito à ajuda do Estado.

A socialista tinha previsto ter receitas de 895 mil euros (790 mil euros de subvenção), mas acabou por ter um desvio entre o que recebeu e o que previu de 805 mil euros. Na prática, entre donativos, contribuições e outras receitas, Maria de Belém só conseguiu ter receitas de 93 mil euros. E tem agora uma factura de quase meio milhão de euros para pagar.

Para terminar, uma pequena curiosidade: Em 2006, Cavaco Silva gastou 3.194.100 euros e obteve 2.746.689 votos. Cada voto custou-lhe 1,16 euros. Cinco anos depois, investiu um pouco mais de metade do valor de 2006 e tevemenos 500 mil votos. Aí, gastou 80 cêntimos por eleitor. Marcelo Rebelo de Sousa bateu recordes: investiu 179 mil euros e teve, de retorno, 2.413.956 votos. Em suma, a sua candidatura gastou apenas sete cêntimos por cada eleitor que convenceu. 

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