O ex-presidente da Odebrecht, a maior empresa de construção do Brasil, vai dizer aos investigadores da Lava-Jato que controlou pessoalmente transferências ilegais de dinheiro para as duas campanhas eleitorais da Presidente afastada, Dilma Rousseff, avança o jornal Folha de S. Paulo.

Marcelo Odebrecht, que foi condenado a 19 anos de prisão por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Lava-Jato (nome da operação que investiga a rede de corrupção em torno da Petrobras), fez um acordo para reduzir a pena a troco de informações.

Segundo a Folha, Odebrecht assumirá que chegou a dizer pessoalmente a Dilma Rousseff (num encontro no México) que os investigadores da Lava-Jato estavam perto de descobrir os pagamentos ilícitos que a construtora fez no estrangeiro a João Santana, consultor do Partido dos Trabalhadores (PT), a formação política de Dilma Rousseff — mas a equipa da Presidente "não deu atenção" ao que dizia.

Marcelo Odebrecht contou também aos investigadores chefiados pelo juiz Sérgio Moro que chegou a negociar os pagamentos em casa de representantes do PT na zona Sul de São Paulo. E que não considerava que esses pagamentos constituíam crime.

A Folha de S. Paulo pediu a Dilma Rousseff para comentar a notícia. Os seus assessores confirmaram, através de comunicado, que Dilma esteve com Odebrecht no México em Maio de 2015 mas que "todos os pagamentos pelos serviços prestados da campanha da reeleição, inclusive a João Santana, foram feitos dentro da lei e declarados à Justiça Federal". No comunicado, é dito que o ex-presidente da construtora faz "suposições" que não merecem comentário.

Dilma Rousseff foi suspensa no dia 12 de Maio, acusada de crimes fiscais derivados de manipulação do orçamento de Estado. O proceso de destituição pode estar terminado em Agosto.