Apoio do FMI a Angola pode chegar aos 4,5 mil milhões de dólares
O apoio financeiro do FMI a Angola poderá chegar aos 4,5 mil milhões de dólares (quatro mil milhões de euros, ao câmbio actual), a três anos, no âmbito do programa de assistência que está a ser negociado, disse esta terça-feira o chefe da missão presente em Luanda.
O economista brasileiro Ricardo Velloso respondia à Lusa na conferência final desta missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) que está em Angola desde 1 de Junho, para negociar este programa de assistência.
Embora salientando que o envelope financeiro deste programa, que visa diversificar a economia angolana face à crise petróleo, não foi ainda discutido nestas reuniões com o Governo, recordou que no caso de Angola o envelope financeiro pode chegar a 1500 milhões de dólares por ano (a três anos), tendo em conta os dados da quota do país no FMI.
Disse ainda que em circunstâncias excepcionais é possível aumentar o valor em função da quota, admitindo que não será o caso angolano, e que o pagamento do empréstimo por Angola pode ser até 10 anos.
As conversações entre o FMI vão prolongar-se durante o segundo semestre do ano.
Contudo, tendo em conta a subida da cotação do petróleo no mercado internacional, face aos valores quando o pedido de assistência foi apresentado por Angola, disse ser necessário que o Governo clarifique se mantém o interesse.
Em comunicado divulgado esta terça-feira, o FMI destacou que “a economia angolana continua a ser severamente afectada pelo choque dos preços do petróleo dos últimos dois anos”. O crescimento económico “abrandou para 3% em 2015, o que foi determinado pelo acentuado abrandamento do sector não petrolífero. A inflação homóloga acelerou-se e atingiu 29,2% em Maio de 2016, reflectindo um kwanza mais fraco, que se depreciou em mais de 40% em relação ao dólar norte-americano desde Setembro de 2014”, acrescenta o Fundo.
Para este ano, o FMI refere que as perspectivas “permanecem desafiadoras, apesar do aumento no preço do petróleo nas últimas semanas, sendo que a actividade económica deverá desacelerar ainda mais”, embora aponte para a expectativa de “uma recuperação modesta em 2017”, caso factores como a escassez de divisas sejam melhorados.
Realçando que já houve passos positivos, o Fundo aponta que são precisas “mais medidas para reduzir as vulnerabilidades”, e que é fundamental “manter a prudência orçamental com a aproximação das eleições de 2017”.
É também necessário, defende o FMI, “comunicar claramente a estratégia para reequilibrar o mercado cambial aos participantes do mercado e recorrer a uma taxa de câmbio mais flexível, apoiada em condições monetárias mais restritivas para conter a inflação”. E que “as restrições administrativas existentes para aceder a divisas à taxa oficial” devem ser eliminadas de forma gradual, porque “constituem um constrangimento à actividade e diversificação económicas”.