Está na hora de se afirmar o próximo prodígio

O Euro 2012 sublinhou o nome de Mario Balotelli, um talento natural que continua a adiar o estatuto de fora de série. Agora há outros craques à procura de reconhecimento global.

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Dele Alli (Inglaterra) Adrian Dennis/AFP
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Renato Sanches (Portugal) Patrícia de Melo Moreira/AFP
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Anthony Martial (França) JEAN-CHRISTOPHE VERHAEGEN/AFP
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Marcus Rashford (Inglaterra) Lee Smith/Reuters
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Breel Embolo (Suíça) Pascal Guyot/AFP

O França 2016 propõe, ao mesmo tempo que decorre a discussão do vencedor do Europeu, o sempre desafiante exercício de “caça-talentos”, com Portugal a entrar directamente no pódio dos “benjamins” graças a Renato Sanches, o segundo mais jovem jogador do torneio. Mas o teste, aqui, não passa por uma simples questão de idade. É preciso ir mais além e prever quem, de entre os mais novos, poderá singrar ao mais alto nível e seguir o exemplo de Cristiano Ronaldo, ainda que a fasquia possa parecer inatingível nos tempos mais próximos.

No último Campeonato da Europa, em 2012, apontaram-se — como quase sempre acontece — alguns fenómenos. Porém, agora, à distância de quatro anos, percebe-se que não sobram muitos nomes sonantes para além do italiano Balotelli ou, a uma escala diferente, os alemães Schürrle e Götze.

Os mais novos desse torneio eram o holandês Jetro Willems (um defesa-esquerdo de 18 anos que até foi titular nos três jogos da fase de grupos, em que a Holanda claudicou aos pés de Portugal e Alemanha) e o britânico Oxlade-Chamberlain, também com 18 anos, que então destronou Wayne Rooney na qualidade de mais novo de sempre a actuar em fases finais de europeus.

Poderíamos falar de outros que atingiram um patamar interessante, embora invariavelmente longe do estrelato que hoje se perspectiva para nomes como o de Renato Sanches, Anthony Martial, Dele Alli, Breel Embolo e até mesmo Marcus Rashford, o mais novo de todos.

Os elementos disponíveis à partida para o Euro 2016 prenunciam que os ingleses voltam corajosamente a liderar esta corrida, não só a nível de selecção, mas também de clubes. A Dele Alli (20 anos/Tottenham) e Rashford (18/Manchester United) junta-se o francês Martial, de 20 anos e uma época invejável no Manchester United, pelo qual disputou quase 50 jogos e assinou 17 golos. Números que, ainda assim, não lhe garantem lugar cativo no “onze” gaulês, mas que auguram um futuro e um papel importantes na mais alta-roda futebolística.

A aposta Renato Sanches

Igualmente lançado nesta corrida parece estar Dele Alli, um médio com uma versatilidade admirável, capaz de cumprir funções atacantes com a mesma naturalidade que leva alguns especialistas a invocarem o nome de Paul Gascoigne. O único problema pode residir no episódio de conduta violenta (soco a Claudio Yacob, do West Bromwich Albion) que lhe custou uma suspensão de três jogos no campeonato e que é sempre um cartão-de-visita muito pouco aconselhável, mas que a inexperiência poderá ajudar a relativizar.

E para fechar este ciclo, mesmo partindo do princípio de que Rashford poderá ter que esperar mais algum tempo antes de “explodir” como verdadeiro astro, nada melhor do que o mais jovem e, indubitavelmente, o mais fulgurante no que diz respeito a derrubar recordes. O avançado do Manchester United acumula já os espantosos “títulos” de mais novo a marcar pelo United nas provas europeias; o mais novo a marcar duas vezes na estreia na Premier League (frente ao Arsenal); o mais novo a marcar num clássico (ante o Manchester City), e o mais novo e, simultaneamente, mais rápido a marcar em jogo de estreia pela selecção inglesa (com a Austrália), aos 138 segundos, na que é, para já, a sua única internacionalização. A partir daqui, parece estar nas mãos de Roy Hodgson soltar o génio do miúdo que “roubou” o título de “benjamim” a Renato Sanches.

O benfiquista surge nesta lista com oito internacionalizações (tantas quantas Martial e Dele Alli) e com um contrato milionário com o colosso Bayern Munique, pelo que dispensa apresentações. Ou seja, o futuro de Renato terá, seja ou não aposta firme de Fernando Santos no Europeu, a margem de manobra de que todos os potenciais prodígios precisam para se afirmar. De qualquer modo, o jovem da Musgueira já provou que se lhe derem uma oportunidade não tem problemas em agarrá-la com unhas e dentes, uma vontade e determinação férreas que já são imagem de marca da mais recente aposta “bávara”.

Não menos impressionante, o helvético Breel Embolo (apesar de ser natural dos Camarões) perfila-se como uma das forças da natureza para conquistar o seu espaço e construir um nome no futebol mundial. O poderoso avançado do Basileia já foi comparado a Balotelli, que em 2012 (com 21 anos) foi, juntamente com Cristiano Ronaldo, Mandzukic, Mario Gómez, Alan Dzagoev e Fernando Torres, artilheiro da competição, com três golos (dois na meia-final com a Alemanha). Uma comparação ingrata face ao “carisma” do italiano que o tem diferenciado de outros grandes jogadores pelas piores razões.

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