Roménia à procura de surpreender uma França candidata a vencer o Euro

Franceses, a jogar em casa e com apenas uma derrota desde 2014, são favoritos, mas romenos apostam em surpreender.

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O treinador romeno tem um discurso ambicioso CHRISTIAN HARTMANN/REUTERS

Começa hoje, enfim, o Euro 2016, numa França em alerta máximo, entre o medo do terrorismo e a esperança que nada aconteça. Dentro de campo, uma expectativa enorme para uma competição sem vencedor antecipado e que promete ser uma das mais abertas de sempre.

O pontapé de saída é dado às 20 horas, entre a França e a Roménia, no Estádio de França, em Saint-Denis, o mesmo que daqui a exactamente um mês acolherá a final. É de esperar uma selecção da casa ao ataque, no jogo mas também no Euro, em busca de um título europeu que lhe escapa há 16 anos, desde o Europeu disputado na Bélgica e na Holanda.

“Vai haver todo o contexto de um jogo de abertura. Mas não nos podemos condicionar com isso. Temos de começar com vontade, determinação, generosidade. É preciso banalizar o facto de ser o primeiro jogo. Quanto menor a influência do ambiente, melhor será”, disse o seleccionador francês, Didier Deschamps, na antevisão da partida.

O técnico mostra-se preocupado com o jogo de abertura mas, consultando o histórico, não tem razões para tal. Na abertura do Euro de 1984, a França venceu a Dinamarca por 1-0, no Parque dos Príncipes, em Paris. No Mundial de 1998, vitória ainda mais confortável, por 3-0, perante a África do Sul, no Vélodrome de Marselha.

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Se o histórico é bom, a caminhada da equipa até ao Euro 2016 também não foi má. Desde o Mundial de 2014 que a selecção francesa não joga oficialmente mas, durante a qualificação, ficou integrada no grupo de Portugal e fez todos os jogos como se fossem a sério. O resultado foi bom: apenas uma derrota, na Albânia, por 0-1. Se a selecção gaulesa não estivesse já qualificada por ser o país organizador, qualificar-se-ia na mesma.

Um mês antes do início do Euro 2016, Deschamps anunciou os 23 convocados. Estão na lista os melhores jogadores franceses, menos Benzema. O avançado ficou de fora na sequência de uma polémica com Mathieu Valbuena mas Benzema tem outra explicação. Diz que Deschamps “cedeu a uma parte racista de França”. O treinador deixou-o sem resposta, até porque, agora, só a Roménia interessa.

“Espero uma Roménia com um colectivo e uma organização defensiva de grande qualidade, mas também com um sector ofensivo interessante. Defendem muito bem mas não estão sempre no seu meio-campo. Têm essa capacidade de enganar o adversário”, disse Deschamps.

Do outro lado, a Roménia vai tentar jogar com o facto de a maior pressão estar do lado francês. Os romenos têm um registo negativo contra a França. Entre jogos oficiais e amigáveis, perderam sete vezes, empataram cinco e só ganharam três. O último confronto remonta à qualificação para o Euro 2012, em Setembro de 2011 e resultou num empate a zero, em Bucareste. Já o último confronto em França data de Outubro de 2010 e terminou com a vitória francesa por 2-0.

Apesar do histórico negativo e de considerar a França “uma das favoritas do torneio”, o seleccionador romeno Anghel Iordanescu não deita a toalha ao chão por antecipação e tem, até, um discurso ambicioso: “Nos últimos 10 jogos a França só perdeu uma vez mas nós esperamos mostrar que temos o mesmo nível. Conhecemos bem as suas individualidades e, em particular, o seu potencial ofensivo. Jogar contra a França é sempre especial.”

A Roménia pode não estar, em teoria, ao nível da França mas tem as suas armas em todos os sectores, principalmente no ataque, que é temível. Apesar de não se tratarem de nomes conhecidos, os quatro avançados chamados por Iordanescu são máquinas de marcar golos. Na última época, Denis Alibec e Florin Andone marcaram 20 e 21 golos no Astra e no Córdoba, respectivamente. Bogdan Stancu marcou 10 no Gençlerbirligi e Claudiu Keseru 15 no Ludogorets. Quantos às ausências, por opção, realce para o número 10 Alexandru Maxim e para o médio goleador Constantin Budescu, um dos destaques durante a qualificação.

De referir ainda que a Roménia se apurou para o Euro 2016 ao ser segunda no grupo F de qualificação, apenas um ponto atrás da Irlanda do Norte. Ao contrário dos norte-irlandeses não perdeu qualquer jogo e, no confronto directo, venceu a selecção britânica por 2-0, em casa, e empatou a zero em Belfast.

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