Marcelo não desiste de “dizer não a sanções a Portugal”
Em Santarém, e aproveitando os desejos manifestados por PS e PSD, o Presidente da República apelou ao consenso em matéria de sanções.
Um dia depois de Pedro Passos Coelho ter apelado, em conferência de imprensa, a um consenso em matéria de Segurança Social, o Presidente da República insistiu que seria ideal que houvesse concordância entre a esquerda e a direita “em grandes questões nacionais”. Mas nada disse a respeito do tema caro ao líder do PSD.
“Os consensos são consensos, portanto são à direita e à esquerda. Não há consensos só à direita e só à esquerda. O ideal era que em grandes questões nacionais houvesse consensos muito largos, envolvendo direita e esquerda”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, após a inauguração da Feira Nacional da Agricultura, em Santarém.
O Presidente da República acenou com um exemplo de uma tentativa de consenso, levada a cabo pelo PS, e em relação à qual gostaria que houvesse resultados práticos: “dizer não [em Bruxelas] a sanções a Portugal”.
No início da semana, Ferro Rodrigues disse ao PÚBLICO que "não há nenhum partido que diga que é a favor de sanções. É importante, mais do que uma mudança de política, que se note uma mudança de atitude política.” E acrescentou: “O presidente da Assembleia da República não tem um papel específico nessa questão. Mas há uma oportunidade para os grupos parlamentares se porem de acordo sobre o que se passa em Bruxelas e mostrarem que estão conjugados.”
A verdade é que, na sequência destas declarações, tanto o PS como o PSD assumiram que tinham na forja projectos de resolução para manifestar o repúdio do parlamento português a eventuais medidas correctivas aplicadas pela Europa. “Há um pré-anúncio [do PS] de que se poderá apresentar um projecto de resolução”, disse Luís Montenegro, no Parlamento. “Nós aguardaremos e participaremos nesse debate de cara bem levantada, porventura até com a nossa própria iniciativa."
João Galamba, do PS, justificou a opção do PS, dizendo que "uma resolução da Assembleia da República permitiria confirmar esse aparente consenso, verificando se existe mesmo e se há ou não uma unanimidade perante a eventualidade de aplicação de sanções a Portugal. Havendo uma unidade de todos os partidos, bem como na argumentação contra a eventual aplicação dessas mesmas sanções, penso que tal seria muito importante para a posição do país" perante as instituições europeia.
Este sábado, em Santarém, Marcelo insistiu: “há caminho”, mas para que ele aconteça “é preciso que se chegue lá”.