O mundo reage à morte de Muhammad Ali

As reacções multiplicam-se no Instagram, no Twitter, no Facebook e no Tumblr.

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Obama foi uma das personalidades mundiais a comentar a morte de Mohammad Ali BRENDAN SMIALOWSKI/AFP

As reacções à morte de Muhammad Ali, o pugilista norte-americano que ficou conhecido como “The Greatest”, multiplicam-se pela Internet. Políticos, atletas, artistas, anónimos emitem comunicados ou vão deixando mensagens elogiosas nas redes sociais.

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que mantém um par de luvas de Ali, sob uma fotografia do antigo campeão mundial de boxe, "rugindo como um leão”. "Ele lutou pelo que era certo", manteve-se na luta mesmo quando era difícil, com Martin Luther King Jr. e Nelson Mandela, lembrou, num comunicado.  "A luta fora do ringue custou-lhe o título e a imagem pública, deu-lhe inimigos na esquerda e na direita, quase o mandou para a cadeia. Mas Ali manteve a sua posição. E a sua vitória ajudou a que nos habituássemos à América que reconhecemos hoje.”

Ali tinha doença de Parkinson desde 1984. Apesar da degeneração do sistema nervoso central, nunca se escondeu do mundo. Quando as suas condições físicas já estavam em declínio, observou Obama, "tornou-se numa força ainda mais poderosa para a paz e a reconciliação em todo o mundo".

É conhecida a admiração que Obama devota ao pugilista, eleito "Desportista do Século" pela revista Sports Illustrated em 1999. Um pequeno ensaio que escreveu sobre ele para o USA TODAY Sports em 2010 voltou hoje à vida: “Admiramos o homem que nunca parou de usar sua fama para o bem – o homem que ajudou a garantir a libertação de 14 reféns norte-americanos do Iraque em 1990; que viajou até à África do Sul após a libertação de Nelson Mandela da prisão; que viajou até ao Afeganistão para ajudar escolas em dificuldades com uma mensagem de paz das Nações Unidas Mensageiro; e que costumava visitar crianças doentes e crianças com deficiência em todo o mundo, dando-lhes o prazer de sua presença e inspirando-as com o seu exemplo”.

Centenas de milhar de mensagens foram publicadas ao longo do dia na sequência da notícia da morte de Ali, que estava hospitalizado desde quinta-feira em Phoenix, Arizona, EUA. Multiplicam-se no Instagram, no Twitter, no Facebook e no Tumblr, muitas vezes com fotografias, ilustrações ou citações. 

“Ele é uma daquelas pessoas especiais”, comentou, no Twitter, o ex-pugilista George Foreman, duas vezes campeão mundial de boxe. “Era algo que se vê talvez apenas uma vez na vida. Como um eclipse total. Não se vê nada parecido novamente. O boxe não fez o suficiente para definir o que ele era. Ele foi a maior personalidade que o desporto já viu ou verá. Ele foi a maior personalidade de sempre.”

Don King, o promotor do célebre combate entre ambos, referiu-se a Ali como alguém “maravilhoso, não só como pugilista, mas também como ser humano, como ícone”. “Muhammad Ali nunca morrerá, ele é como Martin Luther King. O seu espírito viverá para sempre”, acredita.

Floyd Mayweather, campeão do Mundo de boxe, também se serviu das redes sociais para expressar pesar: "Hoje, o meu coração vai para um pioneiro, uma verdadeira lenda e um herói! Não há um dia em que eu entrasse no ginásio e não pensava nele. O seu carisma, charme e, acima de tudo, a sua classe são todos os elementos que irão fazer muita falta para mim e para o mundo. Ali é alguém que me inspirou muito ao longo da minha carreira no boxe, e as palavras não podem expressar o quão grande Ali era como pessoa! Obrigado por tudo o que fez para a América negra, no mundo do desporto e entretenimento e para o legado que deixa! As minhas sinceras condolências à família Ali!"

“Deus veio buscar o seu campeão, adeus ao maior”, declarou Mike Tyson, antigo campeão do mundo de pesos pesados, no Twitter. Na mesma rede social, Roy Jones Jr, outra antiga estrela americana do boxe, expressou: "O meu coração está profundamente triste e, ao mesmo tempo, contente e aliviado porque “The Greatest” está agora a descansar num lugar melhor. Deus há-de abençoar a sua família e todos nós, que de alguma maneira fomos tocados pela sua vida. Nunca haverá outro como ele.”

O lutador de artes marciais mistas Jon Jones anunciou: "Descansa em paz a minha maior inspiração.” O lutador de artes marciais mistas irlandês Conor McGregor, por seu lado, escreveu: “Nunca ninguém se aproximará da grandeza deste homem.” Já o boxer britânico Amir Khan fez-lhe um vídeo: “Muhammad Ali era o meu herói. Estou muito feliz por tê-lo conhecido."

Um tributo longo de Gareth A Davies, que escreve sobre boxe no The Telegraph, foi reproduzido no site daquele jornal: “Talvez eu seja preconceituoso, mas Muhammad Ali está classificado para maior desportista de todos os tempos, muito além de qualquer outro. Homem certo, na hora certa, no lugar certo, espírito livre para expressar os seus pontos de vista. Nem tudo bonito, mas intrigante. Considerando a bela brutalidade do boxe, como devastou Ali e como ele se levantou e permaneceu até hoje como um Colossus. É também fascinante que ele tenha sobrevivido a tantos dos seus grandes rivais, apesar do Parkinson. É um dia emocionante. É maravilhoso ver o mundo reagir de uma maneira tão tocante. Ele foi 'The Greatest'. Ele disse, ele acreditou, ele tornou-se. Desporto, sociedade, raça ... ele mudou-os todos na sua maneira única.”

Atletas de várias modalidades foram reagindo. “O universo do desporto sofre uma grande perda", comentou Pelé, antigo jogador de futebol brasileiro. "Muhammad Ali era meu amigo, meu ídolo, meu herói. Passamos muitos momentos juntos e sempre mantivemos contactos todos esses anos. A tristeza é enorme. Desejo que ele descanse junto a Deus e amor e força à sua família.” 

No Twitter, a antiga estrela de rugby Matt Dawson escreveu: "Meu herói desportivo deixando-nos todos. Conheci-o em 1999 e nunca vou esquecer a vida nos seus olhos." Na mesma rede social, o futebolista gaulês Gareth Balen comentou: “Uma verdadeira lenda”. No Instagram, David Beckham, chamou-lhe “o maior e o melhor”.

Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional, também se pronunciou sobre a morte de Ali, que descreveu como “um atleta que se envolveu além do desporto, um atleta que teve coragem de dar esperança a tantos que sofriam com a doença ao acender a chama olímpica e ao não esconder a sua própria aflição. Ele era um verdadeiro atleta olímpico.”

Fora do desporto também ecoaram reacções emocionadas.  “Além de ser um grande pugilista, era um homem bom, afável, com um grande sentido de humor"; escreveu, por exemplo, o músico Paul McCartney. "Sabia sacar um baralho de cartas do bolso e fazer um truque sem se importar com a importância da ocasião. O mundo perdeu um homem verdadeiramente grande.”

 

 

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