Casa do século I a.C. encontrada em escavações em Matosinhos
O achado, junto ao Castro do Monte Castelo, em Guifões, reforça a convicção de que ali existiu, há cerca de dois mil anos, uma importante estrutura portuária de comércio internacional.
Foram descobertos, junto ao Castro do Monte Castelo, em Guifões, ruínas de uma casa do século I a.C. Durante a campanha arqueológica que está a decorrer até a próxima sexta-feira, foram ainda encontrados indícios da existência de alguns muros e objectos provenientes do Sul de Espanha e de Itália, bem como do Norte de África, o que reforça a ideia de que há cerca de dois mil anos existiu em Guifões uma importante estrutura portuária de comércio internacional.
O castro é apontado como o local onde foi instalada a primeira grande povoação do território que hoje corresponde a Matosinhos. De acordo com um dos arqueólogos responsáveis pelas escavações, José Varela, ao contrário do que se sabia, os indícios que estão “em zona periférica do castro” indicam que a povoação se estendia até à margem do rio Leça, “onde se crê ter existido um entreposto de comércio marítimo que terá assumido uma grande importância durante o período de romanização da Península Ibérica”.
De acordo com o arqueólogo, o Castro do Monte Castelo terá sido habitado desde antes do século V a.C. até ao século V da era cristã, integrando progressivamente um novo espaço económico e político de âmbito europeu. As escavações em curso pretendem aprofundar o conhecimento científico sobre o modo como esse processo decorreu.
Situado próximo das margens do rio Leça, o castro romanizado foi ocupado ao longo de diferentes períodos históricos. Os materiais mais antigos que foram achados remontam a cerca de 900 a.C.. Está ainda documentada uma reocupação na Alta Idade Média, com a construção dum pequeno castelo.
A campanha arqueológica em curso está a ser realizada no âmbito de um protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal de Matosinhos e o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no sentido de explorar aquele sítio arqueológico, onde se crê residirem as raízes remotas de Matosinhos.