Casa do século I a.C. encontrada em escavações em Matosinhos

O achado, junto ao Castro do Monte Castelo, em Guifões, reforça a convicção de que ali existiu, há cerca de dois mil anos, uma importante estrutura portuária de comércio internacional.

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Enric Vives-Rubio

Foram descobertos, junto ao Castro do Monte Castelo, em Guifões, ruínas de uma casa do século I a.C. Durante a campanha arqueológica que está a decorrer até a próxima sexta-feira, foram ainda encontrados indícios da existência de alguns muros e objectos provenientes do Sul de Espanha e de Itália, bem como do Norte de África, o que reforça a ideia de que há cerca de dois mil anos existiu em Guifões uma importante estrutura portuária de comércio internacional.

O castro é apontado como o local onde foi instalada a primeira grande povoação do território que hoje corresponde a Matosinhos. De acordo com um dos arqueólogos responsáveis pelas escavações, José Varela, ao contrário do que se sabia, os indícios que estão “em zona periférica do castro” indicam que a povoação se estendia até à margem do rio Leça, “onde se crê ter existido um entreposto de comércio marítimo que terá assumido uma grande importância durante o período de romanização da Península Ibérica”.

De acordo com o arqueólogo, o Castro do Monte Castelo terá sido habitado desde antes do século V a.C. até ao século V da era cristã, integrando progressivamente um novo espaço económico e político de âmbito europeu. As escavações em curso pretendem aprofundar o conhecimento científico sobre o modo como esse processo decorreu.

Situado próximo das margens do rio Leça, o castro romanizado foi ocupado ao longo de diferentes períodos históricos. Os materiais mais antigos que foram achados remontam a cerca de 900 a.C.. Está ainda documentada uma reocupação na Alta Idade Média, com a construção dum pequeno castelo.

A campanha arqueológica em curso está a ser realizada no âmbito de um protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal de Matosinhos e o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no sentido de explorar aquele sítio arqueológico, onde se crê residirem as raízes remotas de Matosinhos.

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