Polícia espanhola deteve suspeitos do roubo de cinco pinturas de Francis Bacon
A investigação do crime ocorrido em Julho do ano passado prossegue – os quadros continuam em paradeiro incerto, embora as autoridades acreditem que nunca saíram do país.
A polícia espanhola anunciou este sábado ter detido sete suspeitos de envolvimento no roubo de cinco pinturas do artista britânico Francis Bacon (1909-1992) que se encontravam numa casa particular em Madrid, propriedade de um amigo e herdeiro do pintor.
Apesar de ter já decorrido quase um ano desde o crime, ocorrido em Julho do ano passado, os cinco retratos – cujo valor estimado ronda os 25 milhões de euros – não foram ainda recuperados e a investigação prossegue “com grande sigilo e hermetismo”, escreve o diário El País. A polícia está agora a analisar, em busca de “elementos incriminatórios”, seis telemóveis, três computadores e uma agenda apreendidos nas residências dos sete suspeitos, que ficaram em liberdade condicional. Nenhum admitiu a sua participação neste que é considerado o maior roubo de arte contemporânea em Espanha.
Em comunicado, o Corpo Nacional de Polícia detalha que conseguiu identificar um dos presumíveis autores do roubo e cinco receptadores “graças ao estudo de fotografias inéditas de duas das obras roubadas” que terão sido tiradas com “uma máquina fotográfica alugada por um dos detidos”. As imagens foram obtidas através de “uma empresa britânica que se dedica à investigação de obras de arte roubadas” e que em Fevereiro terá informado a polícia de que um habitante de Sitges, cidade costeira a Norte de Barcelona, a consultou para verificar se uma das obras em causa figurava na sua lista de pinturas roubadas. Foi justamente nesse email que o suspeito anexou as tais fotografias inéditas da frente e do verso de um dos quadros, feitas com uma Canon 5D.
As autoridades espanholas conseguiram depois identificar a empresa de aluguer de material fotográfico a que o suspeito terá recorrido, e assim chegou ao cliente, “que se revelou ser um dos presumíveis autores do roubo”. O antiquário madrileno com o qual estaria em contacto, assim como o filho deste, foram detidos como presumíveis receptadores das obras roubadas, juntamente com mais três pessoas.
Além das pinturas, acrescenta o comunicado divulgado este sábado, “os autores do roubo apoderaram-se de um cofre-forte que continha diferentes colecções de moedas, jóias e outros objectos de valor”. Os quadros foram misteriosamente retirados, sem deixar pistas, de um andar num condomínio privado – mas sem câmaras de vigilância – numa zona tranquila de Madrid, a menos de 400 metros do Palácio Real. Apesar de Bacon ser actualmente um dos artistas mais caros e mais cotados do mundo – em 2013, o seu tríptico Três Estudos de Lucian Freud bateu um recorde ao ser leiloado na Christie’s por 106 milhões de euros –, os quadros não tinham seguro.
O proprietário dos cinco retratos, que se encontraria em Londres na altura do roubo, mantém até hoje o anonimato (o El País, que em Março deste ano contou pela primeira vez a história, protege a sua identidade atrás das iniciais J.B.C.). Sabe-se apenas que terá 59 anos e que terá sido o próprio Francis Bacon (um apaixonado por Velázquez, pelo Museu do Prado e por Madrid, onde morreu em 1992) a legar-lhe os quadros que a polícia continuará a procurar – em Espanha, de onde as autoridades espanholas acreditam que nunca terão chegado a sair.