Espanha vence Leão de Ouro da Bienal de Arquitectura de Veneza
Leão de Ouro para a melhor participação na exposição Reporting from the Front foi para o Paraguai e premiou o Gabinete de Arquitectura de Sonalo Benítez, Gloria Cabral e Solanito Benítez.
O Leão de Ouro para a melhor participação nacional na 15.ª edição da Bienal de Arquitectura de Veneza foi para a Espanha. O prémio, anunciado na manhã deste sábado, dia da inauguração oficial da mostra, distingue a exposição Unfinished (Inacabado), em que os curadores Iñaqui Carnicera e Carlos Quintans mostram 67 propostas de solução para os problemas criados no país no domínio do imobiliário, na sequência da crise económica que deixou por concluir milhares de edifícios por todo o país.
Instalada no Pavilhão de Espanha nos Giardini de Veneza, mesmo ao lado do também histórico edifício-sede da Bienal – que acolhe a primeira secção da exposição Reporting from the Front, projecto do comissário-geral Alejandro Aravena –, Unfinished acrescenta à apresentação das 67 propostas sete painéis de fotografias e ainda vídeos com uma dezena de entrevistas a jovens arquitectos. O júri, presidido pelo arquitecto e professor turco Hashim Sarkis, viu na representação espanhola “uma selecção eficaz de arquitectos emergentes cujo trabalho mostra como a criatividade e o compromisso podem transcender os constrangimentos dos materiais”.
O Leão de Ouro da exposição Reporting from the Front foi atribuído à instalação do Gabinete de Arquitectura dos arquitectos paraguaios Solano Benítez, Gloria Cabral e Solanito Benítez, que se encontra também nos Giardini. O júri elogiou nela a capacidade de “utilização de materiais simples”, e o “engenho” de pegar em “mão-de-obra não qualificada” para levar a arquitectura a comunidades que dela se encontram mal servidas.
Ainda na categoria relativa aos projectos individuais (de arquitectos ou ateliers), o Leão de Prata destinado a um jovem participante promissor coube ao atelier Nlé, do arquitecto holandês Kunlé Adeyemi, “uma poderosa demonstração de como a arquitectura, simultaneamente icónica e pragmática, pode amplificar a importância da educação”.
Na categoria dos pavilhões nacionais, e em vez de uma só menção honrosa como previsto no regulamento, o júri atribuiu duas: ao Japão, representado pela instalação en: art of nexus, que consegue "introduzir poesia" em soluções alternativas para a habitação colectiva em espaços de grande densidade urbana; e ao Peru, por Our Amazon Frontline (curadores Sandra Barclay e Jean-Pierre Crousse), que leva a arquitectura a lugares tão remotos como a Amazónia.
Já a exposição Reporting from the Front atribuiu apenas uma menção honrosa, para a italiana Maria Giuseppina Cannizzo, pela sua “perseverança” em transformar os rigores da disciplina numa elevação do trabalho da arquitectura.
A sessão, que foi conduzida pelo presidente da Bienal, Paolo Baratta, começou com a entrega do já anunciado Leão de Ouro de Carreira ao brasileiro Paulo Mendes da Rocha. O arquitecto do novo Museu dos Coches, em Lisboa, agradeceu em português a atribuição do prémio, que Aravena explicou ter-lhe sido dedicado pelo seu “não-conformismo” e pela sua arquitectura “intemporal”.
A cerimónia foi concluída pelo primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, que começou por elogiar a Bienal e Aravena, a quem chamou “o verdadeiro chefe” da iniciativa, fazendo depois um paralelismo entre a arquitectura e a política, que “partilham desafios comuns”. Renzi acrescentou ainda que “o futuro do mundo está na cultura e na inovação”, e que a Itália, mais do que um museu, tem de ser vista como “um laboratório” virado para o futuro.
Para além de Hashim Sarkis, o júri que atribuiu os prémios desta edição da Bienal de Veneza – que vai decorrer até 27 de Novembro –, integrou o arquitecto, crítico e professor italiano Pippo Ciorra, o matemático colombiano Sergio Fajardo, a designer e editora brasileira Marisa Moreira Salles e a arquitecta e professora norte-americana Karen Stein.